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quarta-feira, 24 de abril de 2013

NÃO

A resposta que você gostaria de dar é “não!”. Mas, por educação ou gentileza você responde que quer sim, muito, mas ainda não é o momento, que um dia certamente terão a bênção e a graça de terem um filho. Ou o segundo. Quem propõe esse tipo de conversa normalmente quer povoar o mundo. E normalmente não tem filhos. Estranho.

Algumas pessoas entendem a sutileza e ficam por aí. Outros vão adiante. Ou por chatice ou para testar os seus limites. “Não existe momento certo para se ter um filho!”. Você ainda tem alguma paciência, reúne toda sua simpatia e esboça um meio sorriso: “Sem dúvida, mas optamos por esperar o momento de termos estrutura para receber preparados esta dádiva”.

“Mas...” a insistência. Agora é guerra. Você tentou ser sutil e discreto. Se argumentar não funcionou, o desaforo vai funcionar. Ou não, tanto faz. Não vai apelar pro final de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Não é hora de Machado. Nem de Vinícius, que chega a achar Herodes natural. Cogita Medéia, mas não é o caso. Sua namorada se chama Marie Farrar, Rosemary? Não. É melhor deixar pra lá.

É melhor procurar outro drink. A noite vai ser longa e ainda há muito o que responder.

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