Jorge Duílio Lima
Meneses, Jorge Ben, Jorge Benjor, Jorge Ben Jor,
ou Babulina, nasceu no Rio de Janeiro em 1945*.
T ransando com gente de todo tipo e espécie
Filho de Augusto Menezes, pandeirista do bloco Cometa do
Bispo, cantor e compositor de músicas de carnaval, e da etíope Sílvia Saint Ben
Lima. Na adolescência, integrou um regional, tocando pandeiro, e fez parte do
coro da igreja do Colégio Diocesano São José, onde estudava. Aos 18 anos,
ganhou seu primeiro violão e um método para principiantes. Logo em seguida,
começou a tocar bossa nova e rock em festas de amigos.
Iniciou sua carreira artística em 1961, como pandeirista, ao
lado do Copa Trio, grupo liderado pelo organista Zé Maria, que se apresentava
na casa noturna Little Club, no Beco das Garrafas (RJ). Em seguida,
apresentou-se no Bottle's, também no Beco das Garrafas, cantando e tocando
músicas de sua autoria. Atuou, também nessa época, como cantor de rock, na
boate Plaza (RJ).
Em 1963, voltou a apresentar-se no Bottle's, acompanhado
pelo Copa Cinco, integrado por Meireles (sax), Pedro Paulo (trompete), Toninho
(piano), Dom Um (bateria) e Manoel Gusmão (baixo). Ainda nesse ano, realizou
sua primeira participação em estúdio, atuando como crooner nas
faixas "Mas que nada" e "Por causa de você, menina", ambas
de sua autoria, incluídas no LP "Tudo azul", de Zé Maria. Em seguida,
foi contratado pela gravadora Philips, e gravou um 78 rpm com essas duas
músicas, acompanhado pelo Copa Cinco. O disco obteve muito êxito. Nesse mesmo
ano, gravou seu primeiro LP, "Samba esquema novo", contendo essas
duas canções, além de "Chove chuva", que veio consolidar seu sucesso
como cantor e compositor. O disco atingiu um total de 100 mil cópias vendidas,
marca incomum para a época.
Lançou, em 1964, os LPs "Sacundin Ben samba" e
"Ben é samba bom".
No ano seguinte, viajou para os Estados Unidos, a convite do
Ministério das Relações Exteriores, apresentando-se em clubes e universidades,
durante três meses. Dono de um estilo único, chegou a participar de programas
antagônicos como "O fino da bossa" e "Jovem guarda" (TV
Record). Nessa época, algumas de suas canções foram gravadas nos Estados
Unidos: "Mas que nada" e "Chove chuva", por Sergio Mendes,
que chegaram às paradas de sucesso norte-americanas, "Zazoeira", por
Herp Albert, e "Nena Naná", por José Feliciano.
Em 1974, lançou o festejado e cultuado LP "A tábua de
esmeralda", produzido por Paulinho Tapajós, contendo suas canções "Os
alquimistas estão chegando", "O homem da gravata florida",
"Errare humanum est", "Menina mulher da pele preta",
"Magnólia", "Minha teimosia, uma arma pra te conquistar",
"O namorado da viúva" e "Hermes Trismegisto e sua celeste Tábua
de Esmeralda" (sobre texto de Fulcanelli), entre outras
No disco "Salve simpatia", de 1979, registrou
composições próprias como "Boiadeiro" (c/ Augusto de Agosto),
"Ive Brussel" e a faixa-título. Neste disco também tem Waldomiro
Pena.
Com dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira.
Notas da Redação: A idade de Jorge Bem sempre foi contestada
por Tim Maia, o Síndico. O apelido “Babulina” vem de sua pronúncia do título do
Rock "Bop-A-Lena" de Ronnie Self. (Consta que o supra citado
Sebastião também tinha o mesmo apelido e pelo mesmo motivo.) Por causa de seu
estilo particular de tocar conseguia transitar tranquilamente entre a turma da
Bossa Nova e da Jovem Guarda. No final dos anos 80, altera seu nome para Jorge
Benjor e logo em seguida para Jorge Ben Jor. Há quem diga que é para evitar
confusões com George Benson, há quem diga que por influência da numerologia. Waldomiro Pena foi composta para o personagem homônimo vivido por Hugo Carvana no seriado da rede Globo chamado "Plantão de Polícia".
Jorge Ben fala com grande orgulho que nunca tocou, muito
menos compôs, uma música triste.
Waldomiro Pena
Jorge Ben
Esta é a história de Waldomiro Pena, o cândido
O último repórter policial romântico
Salve Waldomiro Pena, o cândido!
Waldomiro anda muito preocupado
Com as idéias de seu editor
Que querendo modernizar o jornal
Cerra e esquece o romantismo
Que ele criou e ele conquistou
Waldomiro Pena mora no bairro do Flamengo
Num quarto e sala displicente e decorado
Onde depois da matinal - média e pão com manteiga
Num boteco da esquina, às pressas manda botar na conta
E se manda para o jornal, a folha popular, a sua glória
nacional
Bate o ponto, pega uma velha perua e com a sua gangue cai
nas ruas
Como, por exemplo, camelôs, policiais
Bicheiros, sambistas, otários e marginais
Waldomiro Pena topa toda hora
Com lances incríveis e perigosos
Sem perder o seu humor heróico e romântico
Salve Waldomiro Pena, o cândido!
Já ouvia Jorge Ben eventualmente em rádios. Lembro de sucessos seus tocados no final dos anos sessenta, mas criança ou pré-adolescente, meus intéresses eram outros (sim eu tinha um pinto).
ResponderExcluirNa na casa de meu pai foi que pude conhecer melhor sua obra. Meu velho tinha um equipamento de fita cassete com um ótimo estéreo. Lá ouvi pela primeira vez o álbum Negro é Lindo. Produzido por Paulinho Tapajós e com acompanhamento do Trio Tapajós. "Rita Jeep" com arranjo de harmônica, ou das cordas em "Porque é proibido pisar na grama" foi um divisor em meu gosto musical. A partir dali nunca mais seria o mesmo, mas quem se importa...
Da contra capa do álbum: Negro é lindo traz homenagem a Cassius Clay, Muhammad Ali e João Parahyba, apelidado de Comanche. Traz declarações de amor a sua querida Maria Tereza Domingas e, ao mesmo tempo, propõe um pacto de comunhão de bens à Rita Lee, sua carona dos estúdios pra casa no Brooklin.
No estúdio, Tapajós preferia gravar com Jorge sozinho em cima de um estrado, sob o qual colocava microfones que captavam a batida dos tamancos do artista e o roçar da palheta sobre as cordas dos violões. A partir dali, os arranjos eram montados. "Com a pulsação dos tamancos, da voz e da palheta, o Jorge se transformava numa máquina de ritmo. Depois eu enfeitava com os outros intrumentos em tessituras que não esbarravam na dele.
Gravamos 30, 40 músicas para um único disco e acredito que ainda deva existir muito material inédito (nota do copista (me): por Baco, cadê isto?). Era a melhor maneira, porque o grande barato do Jorge é a liberdade. Ele não tem disciplina. Então temos de ir atrás dele". Pode-se analisar essa liberdade como uma certa alienação as técnicas e às artificialidades de estúdio e ao processo de ensaio como um todo.
Esta é a sua discografia de estúdio, mas tem ainda gravações ao vivo, coletâneas, tributos e outros.
1963 - Samba Esquema Novo
1964 - Sacundin Ben Samba
1964 - Ben É Samba Bom
1965 - Big Ben
1967 - O Bidú: Silêncio no Brooklin
1969 - Jorge Ben
1970 - Força Bruta
1971 - Negro É Lindo
1972 - Ben
1973 - 10 Anos Depois
1974 - A Tábua de Esmeralda
1975 - Gil & Jorge: Ogum, Xangô
1975 - Solta o Pavão
1976 - África Brasil
1976 - Tropical
1978 - A Banda do Zé Pretinho
1979 - Salve Simpatia
1980 - Alô Alô, Como Vai?
1981 - Bem-vinda Amizade
1984 - Dádiva
1985 - Sonsual
1986 - Ben Brasil
1989 - Ben Jor
1993 - 23
1995 - Homo Sapiens
2004 - Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum)
2007 - Recuerdos de Asunción 443
Pérolas para quem gosta de boa música.