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terça-feira, 4 de junho de 2013

SEU MUNDINHO

Quem lê, mesmo que esporadicamente, cronistas descolados, sabe que eles falam muito no "seu mundinho". A bronca da vez não é com o diminutivo, apesar de que não deixa de ser estranho um “mundinho”, mundo esse certamente habitado somente por Oompa-Loompas.

O problema com “mundinho” é que é usado sempre pra designar a vida e a realidade miserável de alguém que não é a nossa. Qualquer pessoa que não vare as madrugadas DE-VO-RAN-DO livros, que não tenha passado temporadas “mochilando” (que termo, mas eu já li isso em periódico da MuiLeal) pelo mundo, que não passe cinco férias por ano em países variados, que não vá ao teatro Eva Sopher oito vezes por semana vive em “seu mundinho”. Ou, pior ainda, tem “uma vidinha”.

O bacana das afirmações acima é que elas não levam em conta a vida econômica da pessoa. É claro que todo mundo gostaria de ter uma vida faustosa, mas a realidade “do mundo” nem sempre permite.
Pra tentar me irritar menos, quando leio “seu mundinho”, tento pensar no “Seu Mundinho”, um senhor simpático e muito calmo. Com camisa pra dentro das calças e canetas nos bolsos. Já entrado em anos, com cabelos brancos e um olhar sereno de quem já viu muita coisa nesse mundo e nessa vida através de seus óculos de aros grossos. E apenas sorri quando falam da “vidinha” dele.

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