Nonada a ver com Guimarães Rosa. Às vezes, apenas os grupos
criam ou se apropriam de palavras para designar coisas e simplificar sua
comunicação.
O pessoal da redação do TOA, por exemplo, costuma marcar
almoços em “bistrôs”. Algum passante que ouvisse um convite desses pro almoço
logo imaginaria toda a equipe de redação em um chique ambiente com mesas altas
(“Comprei numa viagem que eu fiz, um
lugar que ninguém conhece”), jazz ao fundo (“Só eu tenho esse disco no hemisfério sul”), garçonetes formadas em
sociologia com guardanapos na cabeça e cardápios escritos com giz (“Do tempo que eu dava aulas, mas eu era
A-PAI-XO-NA-DA por ensinar, ficava falando e não usava giz”) na parede
pintada por um artista plástico (“Ele é
GE-NI-AL. Mas incompreendido, as pessoas não valorizam arte aqui, o governo não
incentiva”).
Os bistrôs frequentados pela turma do TOA tem uma natureza
mais “rústica”, por assim dizer. “Despojado” também seria um bom termo. O menu, normalmente está em uma placa de madeira que outrora foi uma campanha de marketing da
coca-cola. Geralmente, “Coca-cola é isso aí!”, de 1982. Ou seja, “retrô”. E é
sempre o mesmo: arroz, feijão, massa, uma carne qualquer, algum legume refogado
e salada de tomate, cebola e alface. Cardápio tradicional e que valoriza as
raízes brasileiras.
Frequento um, no centro, no qual esse prato mais um copo de guaraná sai por R$ 7,50. Popular. Claro que existem entradas e aperitivos, geralmente com inspiração francesa. O chef gosta de brincar com os sabores locais e a influência internacional. Oeufs marinés, cuisse poulet, saucisse roulé estão entre as preferências dos frequentadores.
Frequento um, no centro, no qual esse prato mais um copo de guaraná sai por R$ 7,50. Popular. Claro que existem entradas e aperitivos, geralmente com inspiração francesa. O chef gosta de brincar com os sabores locais e a influência internacional. Oeufs marinés, cuisse poulet, saucisse roulé estão entre as preferências dos frequentadores.
As mesas são, geralmente, aquelas da Skol ou da Kayser. Às vezes, das duas, o que destaca o caráter híbrido e multicultural do ambiente. O chão é de
cimento, rachado e com infiltração. A boca com poucos dentes do dono da casa
apenas ressalta a poesia do ambiente. Segundo Mário Quintana, o sorriso mais
sincero é o sorriso desdentado.
Muitas vezes é possível participar de animadas rodadas de
dominó ou de um simpático carteado que se desenvolve nas mesas do fundo. São as
melhores mesas, mas reservadas aos frequentadores mais tradicionais.
Já vi um garrafão de vinho (somente o casco) ser trocado por
uma dose da mais pedida bebida da casa, a brasileiríssima cachaça.
Portanto, quando doravante falarmos em bistrôs por aqui, já
sabe de que tradicionais ambientes estamos falando.
Luiggi
Ah, os bistrôs...
ResponderExcluirNos tempos em que eu trabalhava em uma grande empresa de ferramentas da capital, lá pelas bandas do Navegantes, costumava almoçar em um bistrôzinho cor de laranja que ficava no térreo de um motelzinho.
Almoçava-se enquanto os casais "recém-conhecidos" subiam de mãos dadas para os quartos. Jamais comi galetinhos iguais!
Abraço,
Jonnhy