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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

MÚSICA NA SEXTA

João Nogueira nasceu em 1941, no Rio de Janeiro.

Filho de músico profissional, nunca deixou de estar em contato com o samba e o choro devido às presenças de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Donga e João da Baiana, amigos de seu pai e frequentadores de sua casa.

Segundo o livro "Noel, uma biografia", de João Máximo, seu pai chegou a tocar com Noel Rosa. Aprendeu a tocar violão acompanhando o próprio pai, que morreu quando ele tinha 10 anos. "Seu" João Nogueira era violonista e chegou a tocar com o Conjunto Regional, de Rogério Guimarães, e com Jacob do Bandolim. Com a sua morte, a família passou por uma fase difícil. Assim, foi obrigado a trabalhar como vitrinista e vendedor.

Trabalhou, também, como funcionário da Caixa Econômica.

Aos 15 anos, começou a fazer música junto com a irmã, a compositora Gisa Nogueira.

No fim da década de 1960 já havia composto mais de 40 músicas.

Iniciou a carreira no "Festival de Juiz de Fora".

Em 1977, chegou às lojas "Espelho", uma produção de Paulo César Pinheiro com arranjos do maestro Geraldo Vespar, lançado no Teatro João Caetano.


Paulo Cesar Pinheiro conta que João Nogueira um dia mencionou que empacara na letra de um samba em homenagem ao pai cuja melodia já estava pronta. Nas palavras do próprio Paulo César “Não conseguia sair do que já escrevera. Queria saber se eu não topava dar um jeito. E me mostrou. Era realmente lindo. - João - eu disse - deixa de ser preguiçoso. Se você chegou até onde chegou, você termina sozinho. Mas ele cismou que estava bloqueado, que verso nenhum vinha mais, que era difícil falar do velho, sua adoração maior, e que no refrão, o mais importante em sua opinião, nem tinha ideia do que escrever. Peguei o gravador e registrei nele o que seria nossa primeira parceria”.

Espelho 
(João Nogueira/Paulo Cesar Pinheiro)

Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz

Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!

E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)
Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás

Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade

Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai
E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já

Eh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade

Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar

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