Henrique George (Jorge)
Mautner nasceu no Rio de Janeiro, em
1941.
O Vampiro
Compositor, cantor, instrumentista, poeta, escritor. Descendente
de austríacos, na infância estudou violino com seu pai e, mais tarde, bandolim
e piano. Em 1958, compôs sua primeira música, "Olhar bestial". Em
1962, publicou seu primeiro livro, "Deus da chuva e da morte", citado
por Caetano Veloso em “Sampa”.
Em 1970, depois de uma temporada nos Estados Unidos, viajou para
Londres, onde se aproximou dos então exilados Gilberto Gil e
Caetano Veloso. Nesse ano, também dirigiu e atuou no filme “O Demiurgo”.
Em 1979, Caetano grava “O vampiro”, no disco “Cinema
Transcendental”. Mautner gravaria essa música somente em 1988, no disco Árvore
da Vida. Sobre esse disco o próprio Mautner fala:
“Este disco foi
gravado em dois dias, mais ao vivo do que se fosse ao vivo. Foi produzido pela
Pena Schmidt. Foi o primeiro disco brasileiro a usar o processo digital que
estava se iniciando, em DAT, e que só permitia som direto. Não se podia
acrescentar outro canal. Assim, o disco registra a sonoridade da parceria Jorge
Mautner-Nelson Jacobina, num disco acústico apenas com violão e violino. Neste
disco gravei pela primeira vez músicas como "Hiroshima-Brasil",
"O Vampiro" e "Lágrimas Negras". A minha gravação de
"O Vampiro", presente neste disco, foi o meu primeiro vídeo-clip.”
O Vampiro
Jorge Mautner
(Soy soldado revolucionario soy de aquellos de caballería
Y me muere mi guapo
en combate
Ay hombre, da-me una
tequila! Me sigo en la infantería)
Eu uso óculos escuros
Para as minhas
lágrimas esconder
Quando você vem para
o meu lado,
As lágrimas começam a
correr
Sinto aquela coisa no meu peito
Sinto aquela grande
confusão
Sei que eu sou um
vampiro
Que nunca vai ter paz
no coração
Às vezes eu fico pensando
Porque é que eu faço
as coisas assim
E a noite de verão
ela vai passando,
Com aquele cheiro
louco de jasmim
E fico embriagado de você
E fico embriagado de
paixão
No meu corpo o sangue
já não corre,
Não, não, corre fogo
e lava de vulcão
Eu fiz uma canção cantando
Todo o amor que eu
tinha por você
Você ficava escutando
impassível;
Eu cantando do teu
lado a morrer
Ainda teve a cara de pau
De dizer naquele tom tão
educado
"oh, pero que letra tan hermosa,
Que habla de un
corazón apasionado!"
Por isso é que eu sou um vampiro
E com meu cavalo
negro eu apronto
E vou sugando o
sangue dos meninos
E das meninas que eu
encontro
Por isso é bom não se aproximar
Muito perto dos meus
olhos
Senão eu te dou uma
mordida
Que deixa na tua
carne aquela ferida
E na minha boca eu sinto
A saliva que já secou
De tanto esperar
aquele beijo,
Aquele beijo que
nunca chegou
Você é uma loucura em minha vida
Você é uma navalha
para os meus olhos
Você é o estandarte
da agonia
Que tem a lua e o sol
do meio-dia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário