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domingo, 3 de julho de 2016

LEITURA DE DOMINGO

A máfia do agendamento de shows no Brasil começa a ser desmascarada

                 Regis Tadeu
Fiquei sabendo que o tal de Wesley Safadão doou o cachê integral de show realizado no último sábado para instituições de caridade de Caruaru (PE). E olha que o valor não foi pouco: mais de R$ 575 mil!!! Atitude nobre, né? Talvez não.

Tenho sinceras dúvidas se ele e seus empresários teriam tomado tal decisão caso este cachê não tivesse originado um dos maiores escândalos recentes do mundo musical e dado a deixa para que uma grande investigação seja realizada no mundo do agenciamento de shows. Caso você ainda não saiba do que se trata, leia aqui.

Minha sábia mãezinha, a saudosa Dona Irene, dizia que “às vezes, é melhor perder os anéis e manter os dedos no lugar”. Perante a gritaria do público e o olhar atento da Justiça, Wesley e seus empresários certamente optaram pela “caridade” para não causar um prejuízo ainda maior à carreira do… ahn… “cantor”.

Este fato trouxe a discussão de algo que todo mundo que trabalha no show business sabe, notadamente na área de empresariamento musical, assim como o pessoal do jornalismo, que só não publica nada a respeito por não querer dar a cara à tapa citando nomes sem provas, correndo o risco de ser processado: o “esquemão”.

Tudo funciona da seguinte forma: uma espécie de “atravessador” toma contato com uma informação sigilosa – a prefeitura de uma cidade vai fazer uma grande festa em uma data específica e pretende contratar um determinado artista, dupla sertaneja ou banda – passada por pessoal interno do próprio município. De posse desta informação, o atravessador entra em contato com o empresário do artista e compra um show para a referida data na cidade. Aí, quando o funcionário da prefeitura realmente encarregado da contratação entra em contato com o empresário, este avisa que o show naquele dia já está fechado e que o contato deve ser feito então com o “atravessador”. Este, por sua vez, vai pedir um valor que ultrapassa – e muito! – o cachê normal do artista. Pressionada pelo prazo e ela ausência de opções disponíveis, a Prefeitura aceita pagar um cachê exorbitante ao explorador. Entendeu?

Só que tudo se torna mais grave quando sabemos que empresários e até artistas fazem parte deste esquema. Fiquei sabendo que corre em sigilo uma extensa investigação por parte do Ministério Público em cima dos “escritórios” que administram as carreiras de muita gente famosa, inclusive com a quebra de sigilos bancários desta turma. Paralelamente, a Receita Federal já começa a cruzar os dados das declarações de faturamentos destes artistas com os valores pagos pelas prefeituras. Pode apostar que vai dar merda para gente MUITO famosa…  

Torço sinceramente para que o tal “Safadão” e sua equipe não tenham nada a ver com esta confusão. Porque se tiverem, aí terão que ajustar contas com o Poder Judiciário.

Sério: não dá mais para ter mais fé no Brasil.

https://br.noticias.yahoo.com/a-m%C3%A1fia-do-agendamento-de-shows-no-brasil-come%C3%A7a-a-141444970.html

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