Eu não gosto de gente de bermuda e chinelo de dedos perto de
mim. Pra falar a verdade, não gosto muito de gente perto de mim. Gente com quem não
tenho intimidade, pra deixar claro e evitar piadinhas. Gente transpira, funga, puxa
assunto, respira barulhento, atende telefone alto, abre a bolsa e pega sacola,
fecha sacola e fecha bolsa. Abre a bolsa e pega sacola, fecha sacola e fecha
bolsa. De novo. Usam roupas com ácaro.
Não é por conta do pensamento politicamente correto do
mundo, mas longe de mim não vejo nenhum problema. Como não vejo problema na
rapaziada que está usando saia no Colégio Bandeirantes em São Paulo. Até onde
sei, é um colégio dito progressista e faz disso seu lema. Resumindo, pra quem
não leu a matéria e não quer ler: o problema, assim como o amor que Noel Rosa
não esquece, teve seu começo numa festa de São João. Durante a festa, um aluno
vestiu uma saia e foi proibido, depois, de entrar assim em sala de aula. No dia
seguinte, outro aluno apareceu com o mesmo traje. No dia seguinte, 250 alunos.
O que me espanta não é o colégio se revelar careta ou
conservador, pois, uma hora ou outra, mais cedo ou mais tarde, qualquer pessoa
ou instituição vai apresentar uma face assim. O que me espanta é gente que lida com
adolescentes todo dia achar que uma proibição dessa natureza, sem uma
justificativa razoável, vai passar barato. E parece que ficaram surpresos com a
vendeta dos estudantes.
Luiggi
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