Sou um sujeito modesto. De ambições modestas, por assim
dizer. Já entendi que protestos não adiantam nada, que não vou ser dono de um
cassino em Monte Carlo e que as empresas não vão começar a trabalhar mais
tarde, em algum horário razoável. Mesmo que seus funcionários cheguem cedo e
comecem efetivamente a trabalhar depois das 10 horas da manhã. (Quem trabalha em
escritório sabe como é. Chega-se às 8 horas, meia hora no banheiro, depois mais meia hora
discutindo quem vai fazer o chimarrão e que o fulano tem que comprar erva ou
então não vai mais tomar o mate, depois checar os e-mails – que é um eufemismo
pra ver se acha alguma coisa pra passar o tempo). Mas pretendo viver em um
mundo com menos diminutivos e menos dicas.
Entendo que um pão de tamanho pequeno seja um “pãozinho”. Mas não consigo entender como se põe ali uma “manteiguinha”. Posso até levar livre que as batatas fritas do restaurante tenham tamanho pequeno e que então se coma “batatinha”. Mas não dá pra aceitar que com essas batatas se tome uma “cervejinha”. (Cervejão consegue ser infeliz na expressão, no gosto e na campanha publicitária). E o “gostinho” de “comidinha” caseira. Gostinho? É pouca língua? Pouco sabor no alimento? Comidinha? É servida em pires? Tomate cereja e cebola cristal? “Friozinho”. Quer dizer que não precisa casaco? Um “blusãozinho” deve bastar.
Entendo que um pão de tamanho pequeno seja um “pãozinho”. Mas não consigo entender como se põe ali uma “manteiguinha”. Posso até levar livre que as batatas fritas do restaurante tenham tamanho pequeno e que então se coma “batatinha”. Mas não dá pra aceitar que com essas batatas se tome uma “cervejinha”. (Cervejão consegue ser infeliz na expressão, no gosto e na campanha publicitária). E o “gostinho” de “comidinha” caseira. Gostinho? É pouca língua? Pouco sabor no alimento? Comidinha? É servida em pires? Tomate cereja e cebola cristal? “Friozinho”. Quer dizer que não precisa casaco? Um “blusãozinho” deve bastar.
Eu imagino que “dica” tenha a mesma raiz de “indicar”. Mas alguém
lhe indicar algo é diferente de “dar dicas”. A indicação pode ter um objetivo pedagógico
e até irônico. Mas a dica pressupõe um conhecimento dos meandros e escaninhos
do mundo que só quem dá a dica sabe. Quem indica um livro quer ou gostaria que
você conhecesse determinado assunto, história ou coisa. Quem dá dica acredita
que você pode passar uma tarde inteira dentro de uma livraria e não terá a mínima
condição de achar qualquer coisa que preste. Quem indica um programa na TV
imagina que você está desatento ou desconhece aquele fato. Quem dá dica de
programa na TV acha que você não sabe nem segurar o controle remoto. E quem indica
uma peça de teatro... Bem, uma peça de teatro vem sempre em forma dica.
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