After sex
Xico Sá
Selfie vê se me deixa fora de foco, selfie vê se aplica o filtro Glauber Rocha: cabezas cortadas.
Depois do sexo, melhor abrigar a pequena no peito, aplicar-lhe sutis dengos e cafunés e ouvir o que o silêncio, além dos sabiás de São Paulo, diz por nós. Se for na Pompeia e nas Perdizes, melhor ainda, os periquitos, em besta algazarra, comemoram aquele amor inventado, como todo amor no princípio.
Abrigar a pequena sim naquele silêncio dos inocentes.
Sem essa de sair correndo a tomar banho, como fazem os mais assépticos e fresquinhos, os que não usufruem do melhor cheiro, o cheiro sagrado dos lambuzamentos sexuais.
O melhor de tudo é guardar esse cheiro na barba e nos dedos e sair com esse cheiro a flanar pela cidade em constante porre olfativo, a loló da lembrança que ficou.
Melhor esquecer o banho agoniado de alguns limpinhos donzelos… Como estivessem higienizando os “pecados” à custa do sabonete L’Occitane da moça phyno trato.
Ah, esses moços, pobres moços, ah se soubessem, caro Lupicínio, como é bom guardar o cheiro dela, não do sabonete ou de fragrâncias frufrus, no próprio corpo, ah o cheirinho da loló do mais sujo dos sexos.
Que #afterxsex que nada!
Aftersex um cacete, sem essa de fatos & fodas, como chamávamos a velha revista do sr. Adolpho Bloch, grupo Manchete.
Essa selfie do suposto orgasmo é muito perva. Tem a perversão, assim como uma foto gourmet em algum restaurante metido e picareta, de bolir com a inveja alheia, o pecado capital predominante nas redes.
Quero ver é postar uma broxada ou brochada – pelo menos os dicionaristas têm bons corações, admitem as duas grafias desse humaníssimo ato falho.
Quero ver é postar a selfie ao modo daquela canção nietzschiana do Wando: “Beijo tuas costas e nada/ correm duas lágrimas geladas”.
Não, amigo, ninguém posta. Nas redes sociais todos somos Ziraldos, grande artista, nunca broxamos na vida.
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