“Se diz a palo seco
o cante sem guitarra;
o cante sem; o cante;
o cante sem mais nada;
se diz a palo seco
a esse cante despido:
ao cante que se canta
sob o silêncio a pino."
João Cabral de Melo Neto
Começou sua carreira apresentando-se em festivais de música no Nordeste, entre 1965 e 1970. Em 1971, increveu-se no IV Festival Universitário e ganhou o primeiro lugar com a música "Hora do Almoço", interpretada por Jorge Melo e Jorge Teles. Na mesma época, conheceu o cantor e compositor Sérgio Ricardo, que escolheu a música "Mucuripe", feita em parceria com Fagner, para fazer parte do disco "Bolso do Pasquim".
A Palo Seco
Belchior
o cante sem guitarra;
o cante sem; o cante;
o cante sem mais nada;
se diz a palo seco
a esse cante despido:
ao cante que se canta
sob o silêncio a pino."
João Cabral de Melo Neto
Antônio Carlos Gomes Belchior
Fontenelle Fernandes nasceu em Sobral, CE, em outubro de 1946. Foi um dos membros do chamado Pessoal do Ceará, que tinha Fagner, Ednardo, Rodger, Cirino e outros.
Começou sua carreira apresentando-se em festivais de música no Nordeste, entre 1965 e 1970. Em 1971, increveu-se no IV Festival Universitário e ganhou o primeiro lugar com a música "Hora do Almoço", interpretada por Jorge Melo e Jorge Teles. Na mesma época, conheceu o cantor e compositor Sérgio Ricardo, que escolheu a música "Mucuripe", feita em parceria com Fagner, para fazer parte do disco "Bolso do Pasquim".
Em 1972, começou a obter o reconhecimento nacional a partir
da gravação da mesma "Mucuripe" por Elis Regina. Lança,
em 1974, seu primeiro LP, “Mote e Glosa”.
Dois anos depois, grava seu segundo disco e talvez o de maior
sucesso, Alucinação. Nesse disco Belchior regrava “A Palo Seco”, que já havia
gravado em Mote e Glosa.
Há quem jure que A Palo Seco é uma “resposta” de Belchior a “Eu
também vou reclamar”, de Raul Seixas e Paulo Coelho (Eu sou apenas um rapaz
latino americano que não tem cheiro nem sabor). Só que a música de
Raul vem depois da de Belchior.
Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você
sonhava.
De olhos abertos, lhe
direi:
– Amigo, eu me desesperava.
Sei que, assim
falando, pensas
Que esse desespero é
moda em 73.
Mas ando mesmo
descontente.
Desesperadamente eu
grito em português:
- Tenho vinte e cinco anos de sonho e
De sangue e de
América do Sul.
Por força deste
destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que
um blues.
Sei, que assim
falando, pensas
Que esse desespero é
moda em 73.
E eu quero é que esse
canto torto,
Feito faca, corte a
carne de vocês.
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