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sexta-feira, 4 de abril de 2014

MÚSICA NA SEXTA

“Se diz a palo seco
o cante sem guitarra;
o cante sem; o cante;
o cante sem mais nada;
se diz a palo seco
a esse cante despido:
ao cante que se canta
sob o silêncio a pino."

João Cabral de Melo Neto

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes nasceu em Sobral, CE, em outubro de 1946. Foi um dos membros do chamado Pessoal do Ceará, que tinha Fagner, Ednardo, Rodger, Cirino e outros.

Começou sua carreira apresentando-se em festivais de música no Nordeste, entre 1965 e 1970. Em 1971, increveu-se no IV Festival Universitário e ganhou o primeiro lugar com a música "Hora do Almoço", interpretada por Jorge Melo e Jorge Teles. Na mesma época, conheceu o cantor e compositor Sérgio Ricardo, que escolheu a música "Mucuripe", feita em parceria com Fagner, para fazer parte do disco "Bolso do Pasquim".


Em 1972, começou a obter o reconhecimento nacional a partir da gravação da mesma "Mucuripe" por Elis Regina. Lança, em 1974, seu primeiro LP, “Mote e Glosa”.

Dois anos depois, grava seu segundo disco e talvez o de maior sucesso, Alucinação. Nesse disco Belchior regrava “A Palo Seco”, que já havia gravado em Mote e Glosa.

Há quem jure que A Palo Seco é uma “resposta” de Belchior a “Eu também vou reclamar”, de Raul Seixas e Paulo Coelho (Eu sou apenas um rapaz latino americano que não tem cheiro nem sabor). Só que a música de Raul vem depois da de Belchior.

 A Palo Seco
Belchior
 Se você vier me perguntar por onde andei
 No tempo em que você sonhava.
 De olhos abertos, lhe direi:
 – Amigo, eu me desesperava.
 Sei que, assim falando, pensas
 Que esse desespero é moda em 73.
 Mas ando mesmo descontente.
 Desesperadamente eu grito em português:
  - Tenho vinte e cinco anos de sonho e
 De sangue e de América do Sul.
 Por força deste destino,
 Um tango argentino
 Me vai bem melhor que um blues.
 Sei, que assim falando, pensas
 Que esse desespero é moda em 73.
 E eu quero é que esse canto torto,
 Feito faca, corte a carne de vocês.

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