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terça-feira, 8 de abril de 2014

PORTUNHOL

Eu não sei se é submissão cultural, complexo de inferioridade, deslumbramento ou delírio, meu, delírio. O fato é que nenhum brasileiro consegue ouvir algum falante de língua espanhola - seja ele da Argentina, do México, da Espanha, de Miami, ou de onde for - sem perceber isso como oportunidade única na vida. Oportunidade não sei de quê, mas todos que estão na volta se viram em direção ao hispano-falante com um sorriso no cérebro e falam a primeira coisa em espanhol que lhes vêm à cabeça. Seja ela qual for. Você pode perceber nitidamente que estão todos delirando. No mínimo.

O sujeito abre a boca e fala “Perdido en el corazón, de la grande babylon” e basta. Em instantes é cercado por uma horda de educados e bem intencionados: “humm” (em espanhol) “Mui biem”. Quem ficou pra trás não admite preterição e ralha: “Jô tambiem ablo!”. É toda uma nação que se concentra.

E todos passam a falar nessa língua estranha e nunca mais entre si. O falante do espanhol é o alvo de toda fala. Turmas inteiras passam a falar nessa língua estranha. E já vi coisas interessantes, como quando uma moça disse que era casada e aproveitou para informar o nome de seu querido marido Zé: “Rocé”.

Eu acho muito bonito a cortesia e a gentileza. O respeito, eu acho muito lindo. Mas o problema é que colocamos sotaque nas palavras e achamos que estamos falando espanhol. E parece que estamos subestimando o pobre sujeito, e se a gente não falar nesse português histriônico ele não vai entender nada e vai inclusive morrer de inanição sem ao menos tomar um copo de água. Mas quem vem pro Brasil deve ter ideia de que língua se fala aqui. Eu acho.

Obs.: Pelo menos na região sul do Brasil é assim. Do Trópico de Capricórnio pra cima realmente não sei como se dá esse fenômeno.

Um comentário:

  1. Aunque nosotros nos esfuerzamos para hablar tam muy hermosa lengua, lo pessoalcinho aja de riba, tiene por supuesto lo mismo trabarro; hassamos acá una abstracion:
    Mira: Fabiano says - kabron, (aí acho que vira meio nordeuchogentino), tu axas qui mi voi quedar pressas bandas sin levar a Sinhá Vitória, baleña e os minino? O rentinha!
    Bueno, posto eso, vellamos.... hmmmm (o "hmmmm" pode se usar em qq idioma), sei lá no tengo opinião formada, mas acho que o fato de todo argentino se parecer um nobre ingles sem feudo, quem sabe es mas procimo da nobreza que podemos llegar?

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