Bezerra da Silva, em um de seus sambas, disse que quem
pergunta quer sempre a resposta, e quem tem boca responde o que quer. Tá certo.
Seria um exagero dizer que alguns jornalistas ou radialistas
forçam seus entrevistados a responderem de acordo com a agenda do momento (“a
correria do dia”, “uma loucura”, “não temos tempo pra nada”), mas que instigam,
instigam. E como a vaidade humana não tem limites, os entrevistados entram no
embalo.
Em uma entrevista num programa da TV Bandeirantes, o chef Erick Jackin não teve sossego
enquanto não respondeu o que Ricardo Boechat queria: a estressante rotina dos
cozinheiros, que trabalham sob pressão, até tarde da noite, nos finais de
semana e às vezes até no natal. Fiquei com dó de Erick, ele poderia ser mais
feliz tendo uma satisfatória vida de caixa de banco ou auxiliar de
contabilidade.
Ainda no ramo culinário, “em passagem por Porto Alegre” (a
ZH adora escrever isso), o também midiático chef
André Mifano, em entrevista, perdeu boa oportunidade de não ser mais um a dizer
nada. Disse que pensou muito antes de aceitar o convite para participar do
programa culinário The Taste, que não queria ser apenas mais um chef na
televisão, que quer deixar um legado e ficará muito contente se uma de cada
quatro coisas que falar for absorvida pelo público. Dá pra notar que realmente
não quer ser só mais um.
E nós, leitores, ouvintes, telespectadores, adoramos essas
respostas.
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