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segunda-feira, 18 de maio de 2015

DA ARTE DE FALAR SEM DIZER NADA

Bezerra da Silva, em um de seus sambas, disse que quem pergunta quer sempre a resposta, e quem tem boca responde o que quer. Tá certo.

Seria um exagero dizer que alguns jornalistas ou radialistas forçam seus entrevistados a responderem de acordo com a agenda do momento (“a correria do dia”, “uma loucura”, “não temos tempo pra nada”), mas que instigam, instigam. E como a vaidade humana não tem limites, os entrevistados entram no embalo.

Em uma entrevista num programa da TV Bandeirantes, o chef Erick Jackin não teve sossego enquanto não respondeu o que Ricardo Boechat queria: a estressante rotina dos cozinheiros, que trabalham sob pressão, até tarde da noite, nos finais de semana e às vezes até no natal. Fiquei com dó de Erick, ele poderia ser mais feliz tendo uma satisfatória vida de caixa de banco ou auxiliar de contabilidade.

Ainda no ramo culinário, “em passagem por Porto Alegre” (a ZH adora escrever isso), o também midiático chef André Mifano, em entrevista, perdeu boa oportunidade de não ser mais um a dizer nada. Disse que pensou muito antes de aceitar o convite para participar do programa culinário The Taste, que não queria ser apenas mais um chef na televisão, que quer deixar um legado e ficará muito contente se uma de cada quatro coisas que falar for absorvida pelo público. Dá pra notar que realmente não quer ser só mais um.

E nós, leitores, ouvintes, telespectadores, adoramos essas respostas. 

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