Estreia literária de Simone de Beauvoir, "A Convidada" completa 70 anos
EFE 01/08/2013
Catalina Guerrero
Madri
Há 70 anos, era publicado "A Convidada", estreia literária de Simone de Beauvoir, a filósofa francesa que com sua máxima "não se nasce mulher, torna-se mulher", cunhada em "O segundo sexo", deu uma contribuição fundamental ao feminismo e mudou o pensamento ocidental.
"O que as mulheres devem a Simone de Beauvoir é incomensurável", afirma a professora universitária, jornalista e escritora francesa Danièlle Sallenave na biografia "Castor de Guerre" (Castor era o apelido de Beauvoir, uma brincadeira com a palavra "beaver", castor em inglês).
Sallenave prossegue: "E não só as mulheres; os homens também", pois "a libertação das mulheres é uma condição 'sine qua non' para a libertação dos homens".
Filósofa questinou "feminilidade"
Aos 50 anos, ao escrever "Memórias de Uma Moça Bem-comportada" (1958), se empenhou ao máximo em mostrar que superaram a prova e que a partir daí formaram uma espécie de corpo único com duas cabeças.
Um casamento que terminou com a morte dele em 1980 (ela morreria seis anos mais tarde) e que superou os altos e baixos emocionais de novos trios amorosos, sempre com jovenzinhas, e de amantes mais ou menos estáveis na vida de ambos: o escritor Nelson Algren e um jovem Claude Lanzmann, diretor de cinema ("Shoah") e jornalista francês, no caso dela.
Fugiu do casamento, viveu sua bissexualidade e renunciou à maternidade, incompatível segundo sua opinião com sua vocação de escrever, que lhe tomava muito tempo e liberdade.
Se concentrou plenamente em construir uma vida e uma obra consequente com suas ideias com um rigor e uma exigência que extrapolou a todos os âmbitos de sua existência.
Sua grande ousadia foi questionar a "feminilidade", elevá-la à categoria de mito, de algo fabricado. Assim ganhou a imortalidade.
Com "O Segundo Sexo" tudo muda: confere unidade e brilho reivindicações dispersas e, sobretudo, lhes dá substrato filosófico, uma base conceitual.
Beauvoir ataca pedra a pedra (antropologia, sociologia, psicanálises, etnologia, literatura e história) o imenso edifício sobre o qual se assentava e justificava a dominação masculina.
A transcendência de seu ensaio é que milita não apenas a favor dos direitos das mulheres, mas do ser humano em geral.
Foi sua grande obra, embora ela não visse bem assim. "Alcancei - disse em suas memórias - um grande sucesso em minha vida: minha relação com Sartre". "É bonito que nossas vidas tenham podido estar em harmonia tanto tempo". Meio século.
EFE 01/08/2013
Catalina Guerrero
Madri
Há 70 anos, era publicado "A Convidada", estreia literária de Simone de Beauvoir, a filósofa francesa que com sua máxima "não se nasce mulher, torna-se mulher", cunhada em "O segundo sexo", deu uma contribuição fundamental ao feminismo e mudou o pensamento ocidental.
"O que as mulheres devem a Simone de Beauvoir é incomensurável", afirma a professora universitária, jornalista e escritora francesa Danièlle Sallenave na biografia "Castor de Guerre" (Castor era o apelido de Beauvoir, uma brincadeira com a palavra "beaver", castor em inglês).
Sallenave prossegue: "E não só as mulheres; os homens também", pois "a libertação das mulheres é uma condição 'sine qua non' para a libertação dos homens".
Filósofa questinou "feminilidade"
Aos 50 anos, ao escrever "Memórias de Uma Moça Bem-comportada" (1958), se empenhou ao máximo em mostrar que superaram a prova e que a partir daí formaram uma espécie de corpo único com duas cabeças.
Um casamento que terminou com a morte dele em 1980 (ela morreria seis anos mais tarde) e que superou os altos e baixos emocionais de novos trios amorosos, sempre com jovenzinhas, e de amantes mais ou menos estáveis na vida de ambos: o escritor Nelson Algren e um jovem Claude Lanzmann, diretor de cinema ("Shoah") e jornalista francês, no caso dela.
Fugiu do casamento, viveu sua bissexualidade e renunciou à maternidade, incompatível segundo sua opinião com sua vocação de escrever, que lhe tomava muito tempo e liberdade.
Se concentrou plenamente em construir uma vida e uma obra consequente com suas ideias com um rigor e uma exigência que extrapolou a todos os âmbitos de sua existência.
Sua grande ousadia foi questionar a "feminilidade", elevá-la à categoria de mito, de algo fabricado. Assim ganhou a imortalidade.
Com "O Segundo Sexo" tudo muda: confere unidade e brilho reivindicações dispersas e, sobretudo, lhes dá substrato filosófico, uma base conceitual.
Beauvoir ataca pedra a pedra (antropologia, sociologia, psicanálises, etnologia, literatura e história) o imenso edifício sobre o qual se assentava e justificava a dominação masculina.
A transcendência de seu ensaio é que milita não apenas a favor dos direitos das mulheres, mas do ser humano em geral.
Foi sua grande obra, embora ela não visse bem assim. "Alcancei - disse em suas memórias - um grande sucesso em minha vida: minha relação com Sartre". "É bonito que nossas vidas tenham podido estar em harmonia tanto tempo". Meio século.
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