Já falei aqui do fenômeno do almoço em bando. Quer dizer, em
grupo, confraternizando com os colegas.
Mas nem sempre é assim. Às vezes chove. E a partir das 8h30min, alguém levanta a questão: “Será que vai estar chovendo ao meio-dia?”. Depois de
aplacado o rebuliço de frases repetidas do programa que cada um viu ou ouviu
pela manhã, vem a ideia criativa: “Bem que a gente podia pedir uma ‘tele’, né?”.
Novo burburinho. Alguém diz que não, pois precisa buscar o filho no colégio, outro diz que faz “HO-RAS” que pensa em pedir uma “tele” no escritório. Muitos gritam nomes
de restaurantes aleatoriamente.
A tele-entrega é uma das invenções mais felizes desde o telefone, a motoca, o fogão e a preguiça de alguém com dinheiro
pra pagar por esse conforto. Mas é claro que a mesma raça que inventou essa
facilidade complicou a decisão do pedinte com o variado leque de opções. E é
sabido que quando se tem fome, se quer comer de tudo. E em um escritório todos
sempre têm fome.
A mesma complicação da escolha do restaurante em dias
ensolarados se transfere para o catálogo telefônico (ok, gugol, sou antigo).“Bauru!”
gritam alguns. “Lanche não!”. “Pizza! Pizza!”. “Galeto!”. “Costela!”. E claro que
todos os gritos são rechaçados com os mais variados argumentos: “Engorda!”, “Deixa
cheiro!”, “É muito caro!”.
A turma da pizza se fortalece e sai vencedora. E é incrível que todos tenham que pedir a mesma comida. “Ok, pizza.” E agora, de onde? Nova confusão, alvoroço, panfletos voam pelo ar. Certo, decidiu-se por uma pizzaria muito boa. O fato de ficar no outro lado da cidade é um detalhe. “Qual sabor?” Agora a turma da pizza ganha dissidências. Alguns ponderados ou conciliadores optam pela tradicional meia mussarela meia calabresa. De qualquer maneira, sempre alguém pede calabresa e é sempre a que mais sobra.
A turma da pizza se fortalece e sai vencedora. E é incrível que todos tenham que pedir a mesma comida. “Ok, pizza.” E agora, de onde? Nova confusão, alvoroço, panfletos voam pelo ar. Certo, decidiu-se por uma pizzaria muito boa. O fato de ficar no outro lado da cidade é um detalhe. “Qual sabor?” Agora a turma da pizza ganha dissidências. Alguns ponderados ou conciliadores optam pela tradicional meia mussarela meia calabresa. De qualquer maneira, sempre alguém pede calabresa e é sempre a que mais sobra.
Já são 11h45min. Até conseguir uma ligação e explicar todas
as formas de pagamento (vale-alimentação, dinheiro, uns vales da pizzaria,
cheque, visa, mastercard e alguém ainda não sabe como pagar porque esqueceu a
carteira no carro), é meio-dia. Como toda a cidade resolveu pedir tele-entrega por
causa da chuva, o pedido só vai chegar perto das 13h. Com sorte.
Quando chega, alguns avançam e começam a comer com a mão mesmo. Alguém aparece com prato pra todo mundo: “Depois cada um lava o seu!”. É claro que ninguém lava. Pelo menos não com seriedade. Os pratos carregam restos de pizza de seis ou sete chuvas atrás. E sempre fica algum misteriosamente na pia.
Quando chega, alguns avançam e começam a comer com a mão mesmo. Alguém aparece com prato pra todo mundo: “Depois cada um lava o seu!”. É claro que ninguém lava. Pelo menos não com seriedade. Os pratos carregam restos de pizza de seis ou sete chuvas atrás. E sempre fica algum misteriosamente na pia.
O cheiro de calabresa com cebola fica a tarde inteira no
escritório. Só melhora quando alguém chega borrifando aromatizante pra todo
lado. Aí fica bom: calabresa, cebola e lavanda. E a caixa da pizza nunca cabe
no saco de lixo.
Nada como um almoço com os colegas.
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