Recebi nos últimos dias dois ataques contra a batata – a
inocente e prosaica batata – que considero ataque pessoal. Um deles é aquela
conversa antiga, cantilena chata, de que tudo que se faz com batata se faz
melhor com aipim. Outro é que a batata é um carboidrato vazio.
Por partes.
O aipim, pra começar a conversa, não tem nem personalidade.
É conhecido como mandioca, macaxera, macaxeira. Sem falar na sua versão “brava”.
A mandioca brava pode ser venenosa, levando até mesmo, em casos mais
extremados, se não cozida direito, à morte.
A batata, além de ter só um nome, não mata ninguém. Pelo
contrário. Quando o indivíduo está doentinho nada mais recomendável que um
inocente purê de batatas. Certo, tem a batata-doce, mas aí é um parente. Muito
simpático, por sinal.
O aipim, esse angiosperma que chega sempre cheio de terra na
casa da gente, além de tudo, tem aqueles fiapos complicadores. E descascar o
aipim então??
Não é de estranhar que nenhum restaurante tenha em seu
cardápio “Filé com aipins”. Imagine aquele cestinho do McDonalds com aipim
frito. E viajar de ônibus tomando Pepsi e comendo um saquinho de "aipim
chips"?
E a batata “carboidrato vazio”? Ora, ora... Não basta todo o sabor,
alegria, simplicidade e felicidade que a batata proporciona ainda tem que ter
compromisso com as nutricionistas. Aí é querer demais.
A batata também, se fermentada adequadamente, faz uma vodca de
boa qualidade. Quando a Europa foi assolada pela fome, quem saciou a fome do
velho mundo? A batata. Matando fome e sede europeias. É possível dizer que sem
batata não existiria o mundo civilizado de hoje e todas suas mordomias.
Machado de Assis e Van Gogh (autor do quadro que ilustra
esse texto - "Os Comedores de Batata") estão do meu lado.
“Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”
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