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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

BATATAS

Recebi nos últimos dias dois ataques contra a batata – a inocente e prosaica batata  que considero ataque pessoal. Um deles é aquela conversa antiga, cantilena chata, de que tudo que se faz com batata se faz melhor com aipim. Outro é que a batata é um carboidrato vazio.

Por partes.

O aipim, pra começar a conversa, não tem nem personalidade. É conhecido como mandioca, macaxera, macaxeira. Sem falar na sua versão “brava”. A mandioca brava pode ser venenosa, levando até mesmo, em casos mais extremados, se não cozida direito, à morte.

A batata, além de ter só um nome, não mata ninguém. Pelo contrário. Quando o indivíduo está doentinho nada mais recomendável que um inocente purê de batatas. Certo, tem a batata-doce, mas aí é um parente. Muito simpático, por sinal.

O aipim, esse angiosperma que chega sempre cheio de terra na casa da gente, além de tudo, tem aqueles fiapos complicadores. E descascar o aipim então??

Não é de estranhar que nenhum restaurante tenha em seu cardápio “Filé com aipins”. Imagine aquele cestinho do McDonalds com aipim frito. E viajar de ônibus tomando Pepsi e comendo um saquinho de "aipim chips"?

E a batata “carboidrato vazio”? Ora, ora... Não basta todo o sabor, alegria, simplicidade e felicidade que a batata proporciona ainda tem que ter compromisso com as nutricionistas. Aí é querer demais.

A batata também, se fermentada adequadamente, faz uma vodca de boa qualidade. Quando a Europa foi assolada pela fome, quem saciou a fome do velho mundo? A batata. Matando fome e sede europeias. É possível dizer que sem batata não existiria o mundo civilizado de hoje e todas suas mordomias.

Machado de Assis e Van Gogh (autor do quadro que ilustra esse texto - "Os Comedores de Batata") estão do meu lado.

“Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”

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