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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

MÚSICA NA SEXTA

Cyro Monteiro nasceu no Rio de Janeiro em 1913. Ficou conhecido como “o cantor das mil e umas fãs". Era considerado por Vinicius de Moraes como o "o maior cantor popular brasileiro de todos os tempos". Conhecido também pela percussão em uma caixinha de fósforos.

Flamenguista fanático, quando do nascimento da primeira filha de Chico Buarque – notório torcedor do Fluminense – enviou “à guisa de gentil presente” uma camisa do Flamengo para a menina.

Há tempos Chico havia prometido compor uma música para Cyro gravar. Aproveitou a provocação do amigo e compôs "Ilmo. Sr. Cyro Monteiro ou Receita para virar casaca de neném".


Cyro gravou a música e no final diz jocosamente: “Chico, a Silvinha vai crescer e vai entender”. E Silvia virou realmente torcedora do Flamengo.

Nota da Redação: Em entrevista para o Pasquim em 1970, perguntado por Sérgio Cabral sobre o episódio, o próprio Chico esclareceu: “É que o Ciro ameaçou mandar uma camisa do Flamengo pra minha filha. Disse que é uma coisa que ele faz sempre que nasce filho de amigo, mas acho que ele não encontrou portador e acabou não mandando a camisa. Aí eu fiz a música de resposta, dizendo que ela recebeu a camisa, trocou as cores e teve a sabedoria de se tornar tricolor desde tenra idade.

Nota da Redação 2: Vinícius de Moraes, entre outras tantas loas ao amigo, diria finalmente que Cyro “é um grande abraço em toda a humanidade”.

Nota da Redação 3: Há uma lenda que diz que suas últimas palavras foram "Leve um recado pros meus amigos Vinícius de Moraes, Fernando Lobo e Reinaldo Dias Leme. Diga a eles que é pra não chorar, porque eu tenho um encontro marcado com Pixinguinha, Stanislaw Ponte Preta e Benedito Lacerda. Eu não bebo há dois anos e agora vou tomar o maior pileque da minha vida".


Ilmo Sr. Ciro Monteiro ou Receita Pra Virar Casaca de Neném
Chico Buarque

 Amigo Ciro
 Muito te admiro
 O meu chapéu te tiro
 Muito humildemente
 Minha petiz
 Agradece a camisa
 Que lhe deste à guisa
 De gentil presente
 Mas caro nego

 Um pano rubro-negro
 É presente de grego
 Não de um bom irmão
 Nós separados
 Nas arquibancadas
 Temos sido tão chegados
 Na desolação

  Amigo velho
 Amei o teu conselho
 Amei o teu vermelho
 Que é de tanto ardor
 Mas quis o verde
 Que te quero verde
 É bom pra quem vai ter
 De ser bom sofredor
 Pintei de branco o teu preto
 Ficando completo
 O jogo da cor
 Virei-lhe o listrado do peito
 E nasceu desse jeito
 Uma outra tricolor

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