Cyro Monteiro
nasceu no Rio de Janeiro em 1913. Ficou conhecido como “o cantor das mil e umas
fãs". Era considerado por Vinicius de Moraes como o "o maior cantor
popular brasileiro de todos os tempos". Conhecido também pela percussão em
uma caixinha de fósforos.
Flamenguista fanático, quando do nascimento da primeira filha
de Chico Buarque – notório torcedor do Fluminense – enviou “à guisa de gentil
presente” uma camisa do Flamengo para a menina.
Há tempos Chico havia prometido compor uma música para Cyro
gravar. Aproveitou a provocação do amigo e compôs "Ilmo. Sr. Cyro Monteiro
ou Receita para virar casaca de neném".
Cyro gravou a música e no final diz jocosamente: “Chico, a
Silvinha vai crescer e vai entender”. E Silvia virou realmente torcedora do
Flamengo.
Nota da Redação: Em entrevista para o Pasquim em 1970,
perguntado por Sérgio Cabral sobre o episódio, o próprio Chico esclareceu: “É que o Ciro ameaçou mandar uma camisa do Flamengo pra minha filha.
Disse que é uma coisa que ele faz sempre que nasce filho de amigo, mas acho que
ele não encontrou portador e acabou não mandando a camisa. Aí eu fiz a música
de resposta, dizendo que ela recebeu a camisa, trocou as cores e teve a
sabedoria de se tornar tricolor desde tenra idade.”
Nota da Redação 2: Vinícius de Moraes, entre outras tantas
loas ao amigo, diria finalmente que Cyro “é
um grande abraço em toda a humanidade”.
Nota da Redação 3: Há uma lenda que diz que suas últimas
palavras foram "Leve um recado pros
meus amigos Vinícius de Moraes, Fernando Lobo e Reinaldo Dias Leme. Diga a eles
que é pra não chorar, porque eu tenho um encontro marcado com Pixinguinha,
Stanislaw Ponte Preta e Benedito Lacerda. Eu não bebo há dois anos e agora vou
tomar o maior pileque da minha vida".
Ilmo Sr. Ciro Monteiro ou Receita Pra Virar Casaca de Neném
Chico Buarque
Amigo Ciro
Muito te admiro
O meu chapéu te tiro
Muito humildemente
Minha petiz
Agradece a camisa
Que lhe deste à guisa
De gentil presente
Mas caro nego
Um pano rubro-negro
É presente de grego
Não de um bom irmão
Nós separados
Nas arquibancadas
Temos sido tão
chegados
Na desolação
Amigo velho
Amei o teu conselho
Amei o teu vermelho
Que é de tanto ardor
Mas quis o verde
Que te quero verde
É bom pra quem vai
ter
De ser bom sofredor
Pintei de branco o
teu preto
Ficando completo
O jogo da cor
Virei-lhe o listrado
do peito
E nasceu desse jeito
Uma outra tricolor
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