Está passando no GNT mais uma temporada do programa do Chef
Claude Troisgros. A empreitada se chama “chato pra comer”. A proposta do
programa é que pessoas consideradas por seus pares como “chatas pra comer” sejam
convencidas a comer alguma coisa que não gostam.
E é engraçada essa denominação de “chato pra comer”, já que
o “chato pra comer” não chateia ninguém, ele simplesmente não come. Os outros é
que se incomodam por ele não comer determinada coisa.
Eu, por exemplo, sou considerado chato pra comer porque não
gosto de carne crua. Nem sangrando. E se por acaso vou a algum lugar onde me
apresentam carne crua eu sorrio, agradeço e digo que está ótimo. Apenas não
como. (Lembro do Comandante Rolim: diga sim e faça não!) Mas isso não é
suficiente. O “chato pra comer” é fiscalizado implacavelmente. E é tratado como
um retardado: “Não está crua, é o suco da carne.” Quem quiser chamar sangue de
suco que chame. E lambuze seu prato e sua maionese no sangue (quem come carne
crua come muita maionese). E coma tudo. Mas não queira me convencer de que eu
preciso comer uma coisa que eu não gosto. Ou simplesmente não quero comer.
Da mesma forma que alguém diz que não gosta de ovelha, ou de
lentilha e sempre escuta: “Não souberam preparar pra ti!”. Ou seja, é
impossível não gostar de uma coisa que o sujeito gosta.
E agora nós, os seletivos, que escolhemos o que comemos, que
comemos o que gostamos, somos considerados oficial e publicamente “chatos pra
comer”. Chacoteados e ridicularizados em canal pago. Que assim seja! Chatos pra
comer de todo o mundo: uni-vos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário