Desconheço a semente que germinou um chiste que tem
circulado por aí. Não só nas redes. Comprovei isso ao ouvir o comentário de um
elegante senhor que almoçava no mesmo bistrô que eu, enquanto palitava
requintadamente alguns dentes: “Devemos importar políticos da Suécia”.
Claro que a origem disso é o descontentamento com a classe
política e o desgosto com a vida em geral. Mas quem foi o primeiro a ter essa sacada
espirituosa se achando genial, não sei. E pode ser até que concorde, mas com um
adendo: Sim, vamos importar os políticos da Suécia; mas vamos trazer também,
então, os eleitores da Suécia.
Quando ouço esse tipo de comentário (que pra mim é até
metalinguagem, pois acho que a apreciação
justifica o tipo de políticos que temos), fico pensando: será que a turma acha
que políticos caem de paraquedas no congresso? E será que eles não são exatamente
a representação do povo? O eleitor, essa entidade abstrata, que almoça
barulhentamente e transpirando, acha que nada tem a ver com os políticos envolvidos
em falcatruas. Esses políticos muitas vezes compram votos por mixarias. E não o
fazem com goiabeiras, fazem com o inocente eleitor. Comprar voto é feio. E vender, não é?
E esse mesmo eleitor que quer os políticos suecos, provavelmente não gostaria de ter as sanções suecas pra quando rouba sinal de
TV a cabo, mente a cor da pele pra facilitar o ingresso em uma faculdade,
quando estaciona em fila dupla pra pegar o futuro eleitorzinho no colégio e
esse tipo de coisa.
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