Os tempos, decididamente, são outros. Quando a gente pisca o
olho, percebe que as coisas mudaram e de alguma maneira se parou no tempo.
Fui ao supermercado no final de semana e - entre outras
coisas - queria comprar alface. Uma prosaica alface. Não é mais uma tarefa
simples. Não me refiro a escolher a mais bonita, com menos minhocas etc. Falo
de escolher a variedade da alface. Achei alface americana, mimosa, roxa,
crespa, mini, hidropônica, orgânica e todas as combinações entre elas. Eu
queria uma alface simples, sem sobrenome. Não achei. Peguei a que mais se
assemelhava às alfaces de outrora.
Não estava interessado em comprar fruta nenhuma, mas comecei
a reparar na quantidade de frutas que não existiam quando eu era criança: lichia,
kiwi, avocato, pitaia, kino, físalis. E, claro, maçãs e peras de todas nacionalidades e
adjetivos para algumas frutas, como mamão formosa e outros nem tão airosos assim:
melão pele de sapo.
Ir no supermercado não é mais uma tarefa para inocentes. Eu
envelheço, eu envelheço...
Nota da Redação: Fui procurar a origem de algumas dessas
frutas que vi no supermercado. A descrição que achei para “físalis” é, no
mínimo, curiosa: “A físalis tem toda
pinta dessas que só existem em outros países. Mas basta uma viagem pela
Amazônia para você experimentá-la. E, não se confunda: no norte do Brasil, o
nome desta fruta amarela e delicada é camapu. Seu sabor é adocicado e cítrico.”
Basta uma viagem a Amazônia, logo ali, e tudo certo. É só não se confundir
no meio da selva.
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