Ignez Magdalena Aranha de Lima, a Inezita Barroso, nasceu em São Paulo, em 1925.
Adotou o sobrenome Barroso ao se casar, em 1947, aos 22
anos, com o advogado cearense Adolfo Cabral Barroso.
Nascida numa família abastada e apaixonada pela cultura e,
principalmente, pela música brasileira, Inezita começou a cantar e a tocar violão
e viola desde pequena, com sete anos. Estudiosa, matriculou-se no conservatório
e aprendeu piano. Foi aluna da primeira turma da graduação em Biblioteconomia
da Universidade de São Paulo (USP), formando-se antes de se tornar cantora
profissional.
Segundo Arley Pereira, seu biógrafo, Inezita era tão
inexperiente em gravações que quando perguntada qual música seria gravada no
lado B do compacto que gravara Moda da Pinga, ela foi pega de surpresa. Por
sorte estava acompanhada de Paulo Vanzolini, amigo da família, que já havia
começado a escrever a canção Ronda e a terminara ali mesmo, na hora, dentro do
estúdio, para que Inezita tivesse uma segunda música para gravar. Foi a
primeira gravação de Ronda, essa bela canção que parece não ter autor e nem
gravação original, de tão exaustivamente tocada pelos bares e botecos.
Inezita faleceu quatro dias após completar 90 anos. Três dias antes
da sua morte, foi eleita pelo ICCA (Instituto Cultural Cravo Albin) uma das 12
cantoras-compositoras mais importantes do Brasil desde Chiquinha Gonzaga. A
eleição foi feita para celebrar o Dia Internacional da Mulher.
Ronda
Paulo Vanzolini
De noite eu rondo a cidade
A te procurar sem encontrar.
No meio de olhares espio,
Em todos os bares
Você não está...
Volto pra casa abatida,
Desencantada da vida.
O sonho alegria me dá:
Nele você está.
Ah, se eu tivesse
Quem bem me quisesse,
Esse alguém me diria:
"Desiste, esta busca é inútil".
Eu não desistia,
Porém, com perfeita paciência
Volto a te buscar.
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres,
Rolando um dadinho,
Jogando bilhar
E neste dia, então,
Vai dar na primeira edição:
Cena de sangue num bar
Da Avenida São João
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