MALVINAS OU FALKLANDS?
O descobrimento do arquipélago é controverso. Ingleses, espanhóis e holandeses reivindicam a descoberta. Em 1690, os ingleses a batizaram de Falklands, em homenagem ao patrocinador da viagem, realizando o primeiro desembarque efetivo nas ilhas. Entretanto, em 1598, o holandês Sebald de Weert faz o primeiro avistamento realmente confirmado do arquipélago.
Em 1764, o francês Louis Bougainville estabelece uma base naval na Malvina Oriental (nome derivado de Malouine, em referência à cidade francesa de Saint-Malo). Em 1765, o inglês John Byron desembarca na Malvina Ocidental. Em 1766, a França vende sua base para a Espanha e esta se coloca contra a presença inglesa. A disputa é resolvida no ano seguinte, determinando-se que cada país controlaria uma porção do arquipélago, cabendo aos ingleses a porção ocidental - mas não realizam uma ocupação efetiva - e ao espanhóis a porção oriental. Em razão das lutas pela independência na América do Sul, a Espanha se retira das ilhas.
Em 1827, a Argentina inicia a colonização do arquipélago e a anteriormente francesa Port Louis agora é Puerto Soledad. Mas, em 1833, o Império Britânico envia uma fragata de guerra, reivindica a posse e anuncia sua reintegração. Não tendo como resistir, os argentinos que estavam na ilha retornam ao continente e os britânicos iniciam sua ocupação, colonizando-a em definitivo e alterando o nome de Puerto Soledad para Port Stanley.
A Argentina nunca deixou de reclamar a posse das ilhas. Em 1982, em meio à ditadura de Leopoldo Galtieri, a Argentina promove um ataque ao arquipélago. Mergulhada em uma crise política e econômica e com o governo militar caindo em descrédito, a busca da reintegração das ilhas seria uma alternativa e também uma solução para o governo que, nesse momento, apelava para o patriotismo, ficando evidente que tudo passava também por um viés ideológico.
Anteriormente, em 1965, a Argentina havia conseguido que a ONU estabelecesse uma resolução tratando a questão como sendo um problema colonial. Não tendo sido resolvida a questão. A junta militar que governava a Argentina resolve atacar. Subestimando o potencial bélico britânico e não contando com o apoio dos EUA, juntamente com o Chile – que disputava o controle do Canal de Beagle no extremo sul do continente com a Argentina. Nesse momento, o TIAR – Tratado Interamericano de Assistência Recíproca – foi colocado à prova e se demonstrou ineficaz. O mesmo foi concebido em 1947, no Rio de Janeiro, e versava que um ataque a qualquer país signatário seria um ataque contra todos que assinaram o tratado. Naquele momento, o TIAR era mais um acordo inserido no contexto de contenção do comunismo nas Américas.
Em 1982, os governos Reagan e Thatcher já articulavam as políticas do neoliberalismo. Os EUA não podiam se colocar contra os ingleses. Os esforços dos demais países que assinaram ficaram no âmbito diplomático. A Argentina estava sozinha. Não custa lembrar que o Reino Unido e os EUA são países do Conselho Permanente de Segurança da ONU e nele têm direito a veto. Em junho de 1982, o Reino Unido vence a guerra e expulsa os argentinos. Importante igualmente é lembrar que o conflito não ficou restrito às Malvinas/Falklands. O mesmo se estendeu a outros dois conjuntos de ilhas ocupados pelos britânicos: Georgia do Sul e Sandwich do Sul, também ocupadas pelos argentinos na guerra.
Qual a importância estratégica das ilhas?
As ilhas fazem parte de um arco de ocupação britânica no oceano Atlântico: Tristão da Cunha, Ascensão, Santa Helena, Malvinas/Falklands, Georgia do Sul e Sandwich do Sul. O controle dos caminhos no Atlântico era uma necessidade que se impunha ao grande império colonial britânico e ainda hoje se impõe. Ao mesmo tempo, a ocupação das ilhas mais próximas à Antártida supostamente facilitariam a exploração do continente austral em futuras negociações.
Especificamente nas Malvinas/Falklands, a exploração de combustíveis fósseis confere ao arquipélago importância econômica. A Argentina reivindica um mar territorial de 200 milhas e, assim, o arquipélago estaria em seu território. Recentemente o Brasil afirmou a disposição de ampliar seu mar territorial (Zona Econômica Exclusiva) para 300 milhas, em razão do petróleo do pré-sal.
Por fim, o governo inglês acusar a Argentina de colonialista só deve ser um déja vu ...
O descobrimento do arquipélago é controverso. Ingleses, espanhóis e holandeses reivindicam a descoberta. Em 1690, os ingleses a batizaram de Falklands, em homenagem ao patrocinador da viagem, realizando o primeiro desembarque efetivo nas ilhas. Entretanto, em 1598, o holandês Sebald de Weert faz o primeiro avistamento realmente confirmado do arquipélago.
Em 1764, o francês Louis Bougainville estabelece uma base naval na Malvina Oriental (nome derivado de Malouine, em referência à cidade francesa de Saint-Malo). Em 1765, o inglês John Byron desembarca na Malvina Ocidental. Em 1766, a França vende sua base para a Espanha e esta se coloca contra a presença inglesa. A disputa é resolvida no ano seguinte, determinando-se que cada país controlaria uma porção do arquipélago, cabendo aos ingleses a porção ocidental - mas não realizam uma ocupação efetiva - e ao espanhóis a porção oriental. Em razão das lutas pela independência na América do Sul, a Espanha se retira das ilhas.
Em 1827, a Argentina inicia a colonização do arquipélago e a anteriormente francesa Port Louis agora é Puerto Soledad. Mas, em 1833, o Império Britânico envia uma fragata de guerra, reivindica a posse e anuncia sua reintegração. Não tendo como resistir, os argentinos que estavam na ilha retornam ao continente e os britânicos iniciam sua ocupação, colonizando-a em definitivo e alterando o nome de Puerto Soledad para Port Stanley.
A Argentina nunca deixou de reclamar a posse das ilhas. Em 1982, em meio à ditadura de Leopoldo Galtieri, a Argentina promove um ataque ao arquipélago. Mergulhada em uma crise política e econômica e com o governo militar caindo em descrédito, a busca da reintegração das ilhas seria uma alternativa e também uma solução para o governo que, nesse momento, apelava para o patriotismo, ficando evidente que tudo passava também por um viés ideológico.
Anteriormente, em 1965, a Argentina havia conseguido que a ONU estabelecesse uma resolução tratando a questão como sendo um problema colonial. Não tendo sido resolvida a questão. A junta militar que governava a Argentina resolve atacar. Subestimando o potencial bélico britânico e não contando com o apoio dos EUA, juntamente com o Chile – que disputava o controle do Canal de Beagle no extremo sul do continente com a Argentina. Nesse momento, o TIAR – Tratado Interamericano de Assistência Recíproca – foi colocado à prova e se demonstrou ineficaz. O mesmo foi concebido em 1947, no Rio de Janeiro, e versava que um ataque a qualquer país signatário seria um ataque contra todos que assinaram o tratado. Naquele momento, o TIAR era mais um acordo inserido no contexto de contenção do comunismo nas Américas.
Em 1982, os governos Reagan e Thatcher já articulavam as políticas do neoliberalismo. Os EUA não podiam se colocar contra os ingleses. Os esforços dos demais países que assinaram ficaram no âmbito diplomático. A Argentina estava sozinha. Não custa lembrar que o Reino Unido e os EUA são países do Conselho Permanente de Segurança da ONU e nele têm direito a veto. Em junho de 1982, o Reino Unido vence a guerra e expulsa os argentinos. Importante igualmente é lembrar que o conflito não ficou restrito às Malvinas/Falklands. O mesmo se estendeu a outros dois conjuntos de ilhas ocupados pelos britânicos: Georgia do Sul e Sandwich do Sul, também ocupadas pelos argentinos na guerra.
Qual a importância estratégica das ilhas?
As ilhas fazem parte de um arco de ocupação britânica no oceano Atlântico: Tristão da Cunha, Ascensão, Santa Helena, Malvinas/Falklands, Georgia do Sul e Sandwich do Sul. O controle dos caminhos no Atlântico era uma necessidade que se impunha ao grande império colonial britânico e ainda hoje se impõe. Ao mesmo tempo, a ocupação das ilhas mais próximas à Antártida supostamente facilitariam a exploração do continente austral em futuras negociações.
Especificamente nas Malvinas/Falklands, a exploração de combustíveis fósseis confere ao arquipélago importância econômica. A Argentina reivindica um mar territorial de 200 milhas e, assim, o arquipélago estaria em seu território. Recentemente o Brasil afirmou a disposição de ampliar seu mar territorial (Zona Econômica Exclusiva) para 300 milhas, em razão do petróleo do pré-sal.
Por fim, o governo inglês acusar a Argentina de colonialista só deve ser um déja vu ...
Ilhas Ascensão e Santa Helena (esta, a sudeste da indicada
pelo círculo vermelho).
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Ilha de Tristão da Cunha. |
Georgia do Sul e Sandwich do Sul estão no canto superior direito do mapa.
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