Faz uns 7 ou 8 anos fui a um show do Nei Lisboa no teatro
do CIEE. Lá pelas tantas, ele para o espetáculo e diz para a plateia pedir algumas músicas. A turma pediu as carimbadas, claro. Ele coloca os óculos na
testa, coça a cabeça e faz uma expressão de desdém de deixar o Vitor Ramil com
inveja. E comenta com ar blasé: “Vocês ainda querem ouvir essa, eu acho que nem
lembro mais”.
Ouvi outras tantas declarações desse jaez nesse tempo. De
músicos de todos os calibres. Mas corta para 2015, especificamente ontem
(11/03/2015), em um programa da FM Cultura em que eram entrevistados Wander
Wildner e mais o grupo “Os tresplantados” (a saber, Bebeto Alves, King Jim e
Jimi Joe). A nata.
Estavam vendendo seus shows e seus discos. Lá pelas tantas
da conversa – confesso que perdi o motor da indignação –, Wander lamenta ter
que tocar “Bebendo Vinho” e todas suas apresentações (eu, se fosse em algum
show dele também lamentaria, mas descobri que o motivo dele é diferente do
meu). Disse que essa música é de seu primeiro disco e quer tocar as novas.
Justo.
Jimi Joe aproveita o gancho metafórico e diz que as pessoas
tem que querer ouvir as coisas novas que eles produzem (com um coro desconexo e
a favor de King Jim). Que onde é que já se viu as pessoas quererem ouvir Like a
Rolling Stone, do Bob Dylan, que o certo é querer ouvir o bardo cantando Frank
Sinatra, seu último disco. Justo.
Aí eu me pergunto “Por que essa turma grava discos?” E eu,
educadamente, me respondo: “pra ganhar dinheiro”. Mas aí eu, impertinentemente,
replico a mim mesmo: “Por que alguém vai comprar um disco que em seguida vai ser
obsoleto na visão do próprio pai da criança?” E me deixei falando sozinho. Fui pegar meus discos todos e jogar no lixo pra agradar Joe.
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