O pintor italiano
Agnolo Bronzino, autor da obra, era especializado em realizar
sofisticadas narrativas alegóricas.
Ano: 1540 - 1550
Técnica: Óleo sobre madeira
Nesta obra, Bronzino fez cuidadosos estudos com modelos
vivos e os usou como referência, de modo a criar uma cena de erotismo
tranquilo. A cena apresenta uma composição coesa e complexa.
O velho do canto superior direito, com a ampulheta logo a
cima, é a personificação do tempo. Já os demais personagens, presentes à
direita da tela, representam os prazeres, enquanto aqueles posicionados à
esquerda personificam entes como o Esquecimento, o Ciúme e o Desespero.
As imagens entrelaçadas, mas que voltam seus olhares para
diferentes pontos, têm por objetivo dar movimento a cena. Esses detalhes,
juntamente com as mãos e pés alongados dos personagens centrais, são
característicos do movimento maneirista.
A obra foi influenciada pela poesia erótica do poeta
Petrarca. Isso fica claro na expressão de intimidade entre Vênus e Cupido. No
entanto, a relação entre os dois principais personagens, também tem um toque de
obscenidade.
A obra foi encomendada como um presente para Francisco I da
França, e seu simbolismo - que tem significado preciso desconhecido - teria
provocado discussões acaloradas, devido a sua mistura de erotismo estilizado
com o que parece ser uma alegoria.
Detalhes de Alegoria do triunfo de Vênus se destacam:
1. Esquecimento:
A imagem do Esquecimento, com uma expressão horrorizada e um
rosto mascarado, parece tentar desviar a atenção do amor incestuoso de Vênus e
seu filho, Cupido. O Esquecimento ainda parece ser impedido pelo poderoso braço
da imagem do Tempo, que entende que todos os assuntos dos homens são
passageiros.
2. Beijo incestuoso:
O caráter erótico do beijo entre Vênus e Cupido é evidente,
já que a língua dela parece estar em movimento. Cupido é identificado por suas
asas e flechas e Vênus, por sua maçã. Desta maneira, os expectadores não podem
ignorar a verdade da pintura.
3. Quimera:
Agachada atrás do menino feliz encontrasse a personagem
alegórica Quimera, uma criatura cujo corpo grotesco destoa do rosto encantador.
Com uma das mãos, Quimera oferece a Vênus um bolo de mel, enquanto sua outra
mão esconde o ferrão em sua cauda. A presença da personagem é um lembrete de
que o amor erótico pode causar dor.
4. Menino travesso:
O menino aparece segurando pétalas de rosas em suas mãos
enquanto pisa num espinho, o que reforça o caráter ambivalente do amor. O
garoto costuma ser representado como o Prazer, mas também é reconhecido como o
Louco ou Zombeteiro.
5. Máscaras:
Outro lembrete da dor causada pelo amor erótico pode ser
identificado nas máscaras que se voltam para Vênus, que podem ser acompanhadas
pelo espectador seguindo a linha de visão por todo o braço esquerdo da Deusa.
6. Mulher uivando:
A personagem enlouquecida retratada atrás do Cupido é um dos
poucos elementos a estragar a atmosfera leve e divertida da pintura. A mulher
curva a cabeça e toca o cabelo com as mãos que parecem garra, com todos os
tendões à mostra. A imagem é a personificação do Desespero ou do Ciúme e, às
vezes, pode ser relacionada com a loucura causada pela sífilis.
Autor: Agnolo Bronzino
Onde ver: National Gallery, Londres, Reino Unido Ano: 1540 - 1550
Técnica: Óleo sobre madeira
Tamanho: 1,46m x 1,17m
Movimento: Maneirismo
Fonte: Universia Brasil
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