“Correria! Correria! Não dá tempo pra nada.” Eu às vezes
aplico essa também. “Tô sem tempo, muita coisa pra fazer, é uma loucura.” Mas
aplico convicto de que é uma sacanagem e a pessoa só aceita a desculpa por
educação.
Eu não consigo acreditar que alguém “Não tenha tempo pra
nada”. Que seja tão importante que não consegue nem olhar a tabela do
brasileirão ou sair pra almoçar. Um dia que outro, até acontece. Mas, sempre?
(Aliás, se tem duas coisas que os profissionais de hoje
adoram falar é “ainda nem almocei”. Mesmo que seja 12h05. E “Faz 10 anos que
eu não tiro férias”. Mesmo que estique todos os feriados e desapareça uma sexta
aqui, uma segunda ali).
Tá certo, eu não sou um sujeito muito importante pra nenhuma
corporação. Vai ver que neste momento tem alguém segurando o xixi pra analisar
um relatório. Mas acho que não. Sempre entendi o “não tenho tempo” como uma
forma polida de “não quis ler”, “tenho coisa melhor da minha vida pra fazer do
que ler esse teu mail”. Ou ainda um eufemismo para o velho “vai-te à merda.”
E convenhamos, cada um arruma a sua desculpa. Não tem nada
mais deselegante do que a sinceridade. Mas também não precisa acreditar que não
pode urinar porque o mundo vai perder o centro de rotação.
As pessoas têm que priorizar o tempo para o que mais lhes interessa, sem pena dos demais.
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