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sexta-feira, 3 de maio de 2013

DE RÁDIO


Eu não entendo mais nada mesmo. Lembro de quando os jornalistas, a imprensa em geral, chegava do exterior depois das grandes competições internacionais na Europa, Copa do Mundo etc., maravilhados com a civilidade dos estádios, a educação e fleuma dos torcedores, os estádios somente com cadeiras.

Aí se constroi na MuiLeal um estádio considerado um dos mais modernos do mundo, somente com cadeiras em todas as dependências. A única região do estádio que não tinha cadeiras vai ganhá-las agora. E eu não consigo entender pra quê.

Assisto ao jogo em casa, jogado no sofá e bebendo alguma coisa - o que não poderia fazer no estádio também. Cresci assistindo jogo no estádio, na TV e mais tarde em bares, ouvindo o jogo pelo rádio. Quem é da MuiLeal sabe dessa mania nossa, “olho na TV, rádio na...” etc... Mas por conta do “delay” da TV, não dá mais pra fazer isso. 

De qualquer maneira, de vez em quando ainda levo o radinho à orelha “pra saber se estou gostando ou não do jogo”, como escreveu o Verissimo. E chego à conclusão de que deste sofá não posso sair mesmo. Ou do bar. Pois a cada orelhada que dava no rádio, escutava o narrador e o grande repórter interativo dizendo (gritando, é mais adequado) que as pessoas do estádio deviam ficar todas de pé, que quem quer ficar com a bunda na cadeira tem que ficar em casa. Aí eu não entendo a admiração pelo educado e sentado torcedor europeu. Que arranquem as cadeiras dos estádios. 

Eu pensei que se pudesse ir a campo pra assistir ao jogo. Não dá mais. É preciso torcer loucamente. E de forma espalhafatosa e visível.

Como diz Kevin, citando Verissimo, que cita Eliot: “Eu envelheço, eu envelheço...”

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