LIMITE DAS ÁGUAS - 1976 - EDU LOBO
Limite das Águas é o décimo álbum de Eduardo de Góes Lobo, o Edu Lobo. Após quatro anos de ausência do mercado fonográfico (seu último disco de estúdio tinha sido "Missa Breve", de 1973), Edu, de volta ao Brasil, assina contrato com a Continental e lança um maravilhoso disco.
Limite das Águas, por Carlos Dalla Bernardina Júnior:
"Este disco foi criado pelo Edu depois que ele voltou de um período em Los Angeles estudando arranjo e orquestração. Mas ao contrário do que poderia se esperar, é um disco essencialmente centrado na força da canção. Por outro lado, é clara a influência que a temporada no exterior exerceu sobre seu processo criativo. É como se agora Edu fosse capaz de pensar a canção sem estar preso ao instrumento (seja o violão ou o piano – no caso dele, mais o violão), ou pelo menos, como se tivesse adquirido uma habilidade maior para desconstruir a própria idéia original a partir de um leque mais rico de possibilidades musicais, tal como o diretor de cinema que lê o roteiro original e imagina mil situações para transformá-lo em filme.
Em suma, é como se Edu tomasse consciência de que uma canção é mais um roteiro do que uma música, e que o resultado final pode ser infinitamente mais rico do que a mera sobreposição da seção rítmica e melódica à idéia musical original. Talvez neste disco Edu esteja fazendo música como quem faz cinema...
As letras tentam romper de vez com a herança bossa-novista de seu parceiro e referência de início de carreira, Vinícius de Morais. Com exceção talvez de duas faixas, “Considerando” e “Toada”, as letras tentam exprimir uma subjetividade menos linear, mais fragmentada, como que tentando transmitir a intensidade das impressões, mais do que sua síntese numa “moral sentimental da história”. Outras vezes, elas seguem o caminho oposto e assumem a figura de um narrador externo, mas ainda preferindo o relato fragmentado e “impressionado” dos fatos, jogando de forma (propositalmente) confusa com eles, como se a intenção fosse mais construir uma certa “textura simbólica”, do que contar uma história propriamente.
Enfim, este me parece um disco onde Edu se sente maduro o suficiente para permitir se perder, arriscar novos caminhos musicais, sem com isso abrir mão da unidade estética, ou perder o leme do processo criativo. Como se ele tivesse a confiança de que, ao final, ele se encontraria novamente, mas agora num novo patamar artístico."
"Este disco foi criado pelo Edu depois que ele voltou de um período em Los Angeles estudando arranjo e orquestração. Mas ao contrário do que poderia se esperar, é um disco essencialmente centrado na força da canção. Por outro lado, é clara a influência que a temporada no exterior exerceu sobre seu processo criativo. É como se agora Edu fosse capaz de pensar a canção sem estar preso ao instrumento (seja o violão ou o piano – no caso dele, mais o violão), ou pelo menos, como se tivesse adquirido uma habilidade maior para desconstruir a própria idéia original a partir de um leque mais rico de possibilidades musicais, tal como o diretor de cinema que lê o roteiro original e imagina mil situações para transformá-lo em filme.
Em suma, é como se Edu tomasse consciência de que uma canção é mais um roteiro do que uma música, e que o resultado final pode ser infinitamente mais rico do que a mera sobreposição da seção rítmica e melódica à idéia musical original. Talvez neste disco Edu esteja fazendo música como quem faz cinema...
As letras tentam romper de vez com a herança bossa-novista de seu parceiro e referência de início de carreira, Vinícius de Morais. Com exceção talvez de duas faixas, “Considerando” e “Toada”, as letras tentam exprimir uma subjetividade menos linear, mais fragmentada, como que tentando transmitir a intensidade das impressões, mais do que sua síntese numa “moral sentimental da história”. Outras vezes, elas seguem o caminho oposto e assumem a figura de um narrador externo, mas ainda preferindo o relato fragmentado e “impressionado” dos fatos, jogando de forma (propositalmente) confusa com eles, como se a intenção fosse mais construir uma certa “textura simbólica”, do que contar uma história propriamente.
Enfim, este me parece um disco onde Edu se sente maduro o suficiente para permitir se perder, arriscar novos caminhos musicais, sem com isso abrir mão da unidade estética, ou perder o leme do processo criativo. Como se ele tivesse a confiança de que, ao final, ele se encontraria novamente, mas agora num novo patamar artístico."
As composições são todas de Edu, sendo três em parceria com Cacaso, três com Capinam e duas com Gianfrancesco Guarnieri. O disco conta com a participação de vários músicos de destaque e tem arranjos do próprio Edu e de Maurício Maestro. Joyce aparece em "Uma vez um caso" e Os 3 Morais em "Limite das Águas".
Lado 1
1. Uma Vez Um Caso (Edu Lobo / Cacaso)
2.Negro Negro (Edu Lobo / Capinan)
3. Considerando (Edu Lobo / Capinan)
4. Toada (Edu Lobo / Cacaso)
5. Gingado Dobrado (Nordestino) (Edu Lobo / Cacaso)
Lado 2
Lado 2
1. Limite das Águas (Edu Lobo)
2. Cinco Crianças (Edu Lobo / Gianfrancesco Guarnieri)
3. Segue o Coração (Edu Lobo / Gianfrancesco Guarnieri)
4. Repente (Edu Lobo / Capinan)
A música Limite das Águas, originalmente, tinha letra de Capinam, mas Edu achou a letra tão linda que recusou-se a musicá-la, publicando-a como um poema na contracapa do disco.
"Qual o limite das águas
"Qual o limite das águas
A margem que reprime o rio
Eu digo então que os meus olhos não são olhos, são imagens
Eu digo então que as imagens não são imagens, mas visagens
E as visagens, personagens, pessoas dos olhos, passagens
Qual o limite das águas
Entre a cidade e o campo
Entre a navalha e a carne
Eu digo então que meus olhos não são olhos, são imagens
Eu digo então que imagens não são paisagens, mas viagens
Entre o que sente e o que sabe qual o limite das águas
Me dê a mão sobre as águas
Vou navegar nos seus ais
Ou nada disso limita o delírio e a razão
Que medo então nos assalta entre a calma e os temporais
Entre o terror e a ternura, entre o negror e a brancura
Entre o espaço e a ave, a tempestade e o cais
Talvez no seu coração
Eu digo então que a paixão não é paixão, é meu sangue
A incessante viagem
Eu digo então que a luz não é a luz, é ofuscante detalhe do negror
Eu digo então que a cor não é a cor, mas a luz
O outro lado da cor
Qual o limite das águas
Que dificulta o simples
Que malbarata o amor
Qual o limite das águas
Edu Lobo - arranjos, voz, violão
Cristovão Bastos - piano
Rubinho - bateria
Maurício Maestro - baixo, regência
Édson Lobo - baixo
Toninho Horta - violão
Cláudio Guimarães - guitarra
Márcio Montarroyos - trompete
Edson Maciel - trombone
Jorginho, Macaé - sax alto
Oberdan - sax tenor
Cristovão Bastos - piano
Rubinho - bateria
Maurício Maestro - baixo, regência
Édson Lobo - baixo
Toninho Horta - violão
Cláudio Guimarães - guitarra
Márcio Montarroyos - trompete
Edson Maciel - trombone
Jorginho, Macaé - sax alto
Oberdan - sax tenor
Geraldo - sax barítono
Os 3 Morais - vocais
Gegê, Cláudio Carybé, Rubinho - percussão
Danilo Caymmi, Paulo Guimarães, Mauro Senise, Nivaldo Ornellas, Dimitri - flautas
Joyce - vocais
Lindolfo Gaya, Otávio Basso - regência
Cláudio Bertrami - baixo
Jacques Morelenbaum - cello
Wanda Lobo, Malu, Cybele, Ângela, Fernando Leporace - coro
Lindolfo Gaya - regência
Os 3 Morais - vocais
Gegê, Cláudio Carybé, Rubinho - percussão
Danilo Caymmi, Paulo Guimarães, Mauro Senise, Nivaldo Ornellas, Dimitri - flautas
Joyce - vocais
Lindolfo Gaya, Otávio Basso - regência
Cláudio Bertrami - baixo
Jacques Morelenbaum - cello
Wanda Lobo, Malu, Cybele, Ângela, Fernando Leporace - coro
Lindolfo Gaya - regência
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