Páginas

quinta-feira, 29 de maio de 2014

PRATO FEITO

Comida envolve tradição. E tradições mudam, eu entendo. Mas, mesmo assim, devem ser respeitadas. É o caso dos hoje conhecidos como PFs, os pratos feitos, e os à la minutas. Prato feito é prato feito, à la minuta é à la minuta. Pelo menos para mim, para as pessoas que eu conheço e para todos os bistrôs que frequento. Mas não para a ZH e para a sua inocente repórter, que se surpreende e se deslumbra a cada bar que entra para uma série de reportagens sobre PFs.

Segundo a Ermã, e acho que ela tem razão, para a repórter, PF é qualquer coisa que se coma à guisa de almoço e que não seja servida no bufê. E se isso não é uma simplificação grosseira do jornal, é uma estroinice. Quem sabe até um desrespeito às tradições. Espero pronunciamento de Paixão Cortes e do Paulo Brossard de Souza Pinto sobre o assunto.

Sou do tempo em que não existia o existia o PF. Naquela época (mesma época em que futebol de salão era chamado de futebol de salão), ainda se chamava de prato feito, prato comercial, executivo e à la minuta.

Um prato feito de respeito tinha que ter necessariamente arroz, feijão (nem embaixo e nem sobre o arroz, do lado) e massa, batata ou aipim e alguma carne. Às vezes, tinha uma ou outra firula, como cenoura, couve ou repolho refogados. E um pratinho de salada já temperada com muito vinagre. Acompanhava um copo de guaraná sem gás.

O prato comercial (ainda bem que não existe mais, senão seria chamado de PC), geralmente, era a mesma coisa, porém, com a carne e o feijão separados. Era consumido pelo pessoal do escritório. O executivo (hoje chamar-se-ia E) era mais ou menos a mesma coisa, mas o prato vinha vazio e as comidas em travessas separadas. Dependendo, vinha batata frita também. O que era mais para marcar a hierarquia de quem pedia, pois era consumido basicamente pela diretoria e pelos chefes de setor. É bom salientar, frisar, exagerar e deixar bem claro que em hipótese alguma, nunca, jamais, o prato feito vinha com batata frita. Deve constar isso em algum estatuto dos bistrôs. O à la minuta era consumido pela minha categoria, os office-boys, somente em uma ocasião: no dia em que recebíamos os “tíquetes”.

Tudo isso para dizer novamente o que disse no início: PF é PF, à la minuta é à la minuta. Simples assim.

2 comentários: