Ninguém me perguntou, mas se algum dia me perguntarem por
que o Chico é melhor do que o Jorge Vercilo eu repondo rápido: Porque eu gosto
mais.
Acho que ninguém sabe explicar por que raios gosta de umas
coisas e de outras não. Tem gente que gosta de banana e tem gente que não
gosta. Tem gente que come banana pelo valor nutritivo, tem gente que come
banana porque tem no quintal, tem gente que come banana pra fazer campanha e
tem gente que simplesmente come porque gosta. E tem quem não gosta e não come.
Simples assim.
Poderia usar argumentos técnicos – que não conheço –
justificando a preferência. Cito dois casos manjados. Na música Beatriz, de Chico Buarque e Edu Lobo, a nota
mais alta está na palavra “céu” e a mais baixa
na palavra “chão”. Ou então poderia dizer que Chico fez uma música em que todas as rimas são com palavras proparoxítonas. Aliás, se esse fosse um argumento
razoável, eu deveria colocar no mesmo andar Alvarenga e Ranchinho, com o “Drama
de Angélica”, e Moreira da Silva, com seu “Samba Esdrúxulo”.
Arrigo Barnabé é festejado por fazer música dodecafônica. E
daí? A maioria das pessoas que o saúdam e gostam dele por isso não fazem ideia
do que seja dodecafonismo. Ele faz coisa boa (que agrada ao ouvinte) com isso?
Para mim é o que interessa.
“Os bends de B.B. King são inigualáveis!”. “O slap de Marcus
Miller é o melhor de todos!”. Isso, realmente, não me diz nada. Se fosse assim, como poderíamos gostar de Lupicínio Rodrigues
ou do grande Angenor de Oliveira? No documentário “Uma noite em 67”, Edu Lobo
diz que desistiu de participar de festivais porque artistas não eram cavalos
para competir entre si. Eu acrescentaria que também não são cavalos para serem
avaliados como se estivessem em uma feira de talentos e habilidades.
Em se tratando de arte, vale o que agrada ao gosto, essa coisa imponderável.
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