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sexta-feira, 19 de julho de 2013

O VINHO, O LEITÃO E MR. WOLF

“Precisamos respirar esse vinho”. A frase foi dita por um garçom que carregava uma travessa de leitão à pururuca e se impressionou com o rótulo pedido por Alabama. Alabama gosta de garrafas numeradas. Aquela seria a segunda de uma série de quatro vinhos que regariam aquele almoço.

O primeiro vinho - que eu pedi  não impressionou ninguém. Era um bom vinho. Mas não a ponto de parar garçons.

O leitão foi abandonado na mesa do lado e o garçom que abria o vinho foi orientado a parar imediatamente sua operação para buscar urgentemente um decanter. Tenho a impressão que o porquinho que jazia assado ali do lado abriu seus olhinhos para observar a cena.

Enquanto era providenciado um decanter na casa, ouvíamos a fala entusiasmada do garçom sobre as vantagens de se arejar o vinho, fazê-lo respirar e pedir desculpas antes de bebê-lo. Bem como agradecer aos céus e aos contratos fechados que nos propiciam tal momento.

Junto do decanter, veio uma chuva de garçons, todos brandindo suas bandejas e nos oferecendo iguarias do restaurante até então negadas. A tese sobre alguma coisa que eu explanava no momento foi não só interrompida ali como enterrada para sempre junto do sorriso de satisfação de Alabama.

Quando a revoada de garçons se distancia – e tenho a impressão de que o leitãozinho ficou dando tchau –,  Alabama segura a garrafa de vinho como quem segura um nenê e faz a ela a mesma pergunta retórica que Mr. Wolf faz para Raquel em frente a Jules e Vincent: “Você sabe o que é isso? Respeito, baby, respeito”.

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