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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

BEM MENOS

Não ia falar nada, mas o espanto não foi só meu. O espanto se deu pela declaração na capa do Segundo Caderno de ZH de ontem (22/10/2013). Alabama, sempre fleumático, também se espantou.

Pra quem não viu, a declaração que me chamou a atenção foi esta: 

"Ainda somos uma banda sui generis no cenário nacional. Passado tanto tempo do lançamento dos nossos primeiros discos, eles continuam importante, envelheceram bem. Mas não acho possível localizar o Defalla no cenário musical brasileiro. Ela é simplesmente a banda mais foda que já existiu. Sem falsa modéstia, a gente está no mesmo nível que os Mutantes. Por tudo o que já fizemos, de experimentação, de abrir caminhos, eu sei o nosso valor. E por isso talvez essa volta seja tão importante, para reafirmar o nosso lugar na história da música."

Ontem, em seu artigo publicado aqui no TOA, primo, lá pelas tantas, usa o exemplo de uma extravagante declaração sua que fez há tempos. Primo não é rock star. E nem diria uma sandice desse tamanho. Mas ao contrário do exemplo do primo, a narcisista declaração de Edu K, líder e fundador do Defalla “a gente está no mesmo nível que os Mutantes” saiu sem nenhum espanto, nenhum constrangimento e – até onde eu sei – nenhuma discordância.

E eu quero acreditar que a frase deva ter sido dita pra causar polêmica. Só pode. Ninguém com um furo dentro da orelha seria capaz de dizer uma coisa dessas. Eu até entendo que alguém goste mais do Defalla do que dos Mutantes, entendo que alguém conheça o Defalla e não conheça os Mutantes, tudo bem. E não é querer usar um discurso politicamente correto. Eu mesmo gosto de muitas bandas que musicalmente são toscas e não gosto de outras que tecnicamente são melhores. Kevin não concorda com o argumento de que o “gosto musical” justifique qualquer disparate. Pra mim justifica. Basta eu gostar da música que eu escuto, não interessa de quem vem e de onde vem. Este, inclusive, é o único critério pra uma música tocar no Pauta Extra.

Se a intenção não foi criar polêmica o problema é pior ainda.

Os Mutantes acabaram no final dos anos 70 (não vou levar em conta essa esdrúxula volta de 2006) e deixaram um legado de respeito. Quantas músicas o estimado leitor, mesmo que não seja um grande fã da banda, é capaz de lembrar agora, assim rapidamente? Eu diria que umas 10, no mínimo, sem muito esforço. Se conhecer um pouco mais, se lembra de álbuns inteiros. E do Defalla?

Menos, Edu K. Bem menos.

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