Não ia falar nada, mas o espanto não foi só meu. O espanto
se deu pela declaração na capa do Segundo Caderno de ZH de ontem (22/10/2013). Alabama, sempre fleumático, também se espantou.
Pra quem não viu, a declaração que me chamou a atenção foi
esta:
"Ainda somos uma banda
sui generis no cenário nacional. Passado tanto tempo do lançamento dos nossos
primeiros discos, eles continuam importante, envelheceram bem. Mas não acho
possível localizar o Defalla no cenário musical brasileiro. Ela é simplesmente
a banda mais foda que já existiu. Sem falsa modéstia, a gente está no mesmo
nível que os Mutantes. Por tudo o que já fizemos, de experimentação, de abrir
caminhos, eu sei o nosso valor. E por isso talvez essa volta seja tão
importante, para reafirmar o nosso lugar na história da música."
Ontem, em seu artigo publicado aqui no TOA,
primo, lá pelas tantas, usa o exemplo de uma extravagante declaração sua que fez
há tempos. Primo não é rock star. E nem diria uma sandice desse tamanho. Mas ao
contrário do exemplo do primo, a narcisista declaração de Edu K, líder e
fundador do Defalla “a gente está no
mesmo nível que os Mutantes” saiu sem nenhum espanto, nenhum constrangimento
e – até onde eu sei – nenhuma discordância.
E eu quero acreditar que a frase deva ter sido dita pra
causar polêmica. Só pode. Ninguém com um furo dentro da orelha seria capaz de
dizer uma coisa dessas. Eu até entendo que alguém goste mais do Defalla do que
dos Mutantes, entendo que alguém conheça o Defalla e não conheça os Mutantes,
tudo bem. E não é querer usar um discurso politicamente correto. Eu mesmo gosto
de muitas bandas que musicalmente são toscas e não gosto de outras que tecnicamente
são melhores. Kevin não concorda com o argumento de que o “gosto musical”
justifique qualquer disparate. Pra mim justifica. Basta eu gostar da música que
eu escuto, não interessa de quem vem e de onde vem. Este, inclusive, é o único critério
pra uma música tocar no Pauta Extra.
Se a intenção não foi criar polêmica o problema é pior
ainda.
Os Mutantes acabaram no final dos anos 70 (não vou levar em
conta essa esdrúxula volta de 2006) e deixaram um legado de respeito. Quantas
músicas o estimado leitor, mesmo que não seja um grande fã da banda, é capaz de
lembrar agora, assim rapidamente? Eu diria que umas 10, no mínimo, sem muito
esforço. Se conhecer um pouco mais, se lembra de álbuns inteiros. E do Defalla?
Menos, Edu K. Bem menos.
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