Certa vez em sua coluna na ZH, Luis Fernando Veríssimo escreveu uma “Carta
ao Editor”, à época Augusto Nunes, dizendo que “quem mantém a objetividade diante de
uma cidade bombardeada pode ser um bom jornalista, mas é um péssimo ser
humano". O que gerou o comentário foi o elogio de Nunes à cobertura “objetiva”
de jornalistas a um bombardeio em Bagdá.
Kevin Carter ganhou, em 1993, o Prêmio Pulitzer por uma foto
sua que saiu no The New York Times. A imagem é famosa e mostra uma criança que
tenta chegar a um centro de alimentação observada de perto por um
abutre.
Pessoas próximas a Carter dizem que o fantasma da foto, entre outros problemas pessoais, contribuiu para o seu suicídio. Tanto a história da foto quanto a do suicídio são controversas. O dilema não: ser repórter ou ser humano?
Pessoas próximas a Carter dizem que o fantasma da foto, entre outros problemas pessoais, contribuiu para o seu suicídio. Tanto a história da foto quanto a do suicídio são controversas. O dilema não: ser repórter ou ser humano?
O jornal St. Petersburg Times, da Flórida, disse sobre
Carter: "O homem ajustando suas lentes para capturar o enquadramento exato
daquele sofrimento poderia muito bem ser um predador, um outro urubu na
cena."
Lembrei disso ao ver no site de ZH a foto de um
desafortunado motorista que, na madrugada, dormiu no sinal vermelho de um
movimentado cruzamento da MuiLeal e permaneceu ali por mais de 20 minutos. E durante esse tempo todo observado por um fotojornalista.
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