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sexta-feira, 2 de maio de 2014

ROLEZINHOS

Eu não estava lá, mas tenho quase certeza do que aconteceu. Um acordo tácito se quebrou. Está se quebrando.

O jardim da minha casa é aberto a todos. Mas todos devem apenas circular. De preferência em pequenos grupos, com as mãos pra trás, fazendo “ohs” e deixando elogios aqui e ali. Moedas também são bem-vindas. Admirar como são lindas as minhas orquídeas – que nem são bem minhas, estão em exposição –, querer comprá-las e sonhar com uma casa enfeitada como esta. Se aparecem com 24 cheques, eu aceito conversa. Mas não queira sentar nos bancos da praça.

A visita chega. Não tem nada pra deixar na chapelaria. Senta nos bancos da praça e ainda coça as frieiras. Não aceita o champanhe, carrega seu próprio drink. Não dá bola pras orquídeas, mas se interessa muito por uma violeta de preço maior. Mostra os cheques e diz que volta no início do mês. Não se comporta como eu quero. Mas preciso desses cheques.

De vez em quando, os ânimos se exaltam, o equilíbrio se quebra visivelmente. Ninguém sabe mesmo como se comportar nessas situações embaraçosas.

É mais um feriado no shopping.

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