Dona Maricota, a matriarca dos Borges, conta um fato ocorrido com Milton Nascimento quando ele passou a morar com a família em BH.
"Saiu da pensão e ficou lá em casa. Igual um doido, ele bebia demais da conta. Um dia eu cheguei do grupo com os cadernos todos na mão, cansada feito não sei o quê, desci do ônibus, ainda tinha que andar um pedação e quando cheguei na portaria vi que ele estava segurando o edifício, com as duas mãos. Ele já estava morando comigo.
Eu falei: “Bituca, o que você está fazendo aí?”. E ele sussurrando: “Dona Maricota, fala baixo, o edifício vai cair”. Eu falei sussurrando também: “O edifício vai cair e você está deixando seus irmãos todos lá dentro?”. “Mas eu não posso subir porque ele vai cair.” “Olha para cima para você ver.”
E a gente olhou pra cima e parecia que o edifício ia cair mesmo. Eu vi que ele estava ruim, não adiantava discutir com ele. Eu falei: “Ih, vai cair mesmo, Bituca. Deixa eu te ajudar”. Pus os cadernos todos no chão: “Bituca, eu estou achando que ele agora firmou”. Ele olhava assim: “Eu não, eu não”. Eu falei: “Olha, Bituca, acho que agora ele firmou. Não vai cair mais não, não está balançando mais não. Pega meus cadernos e vamos subir depressa de elevador para nossa casa”.
Aí subimos. Chegou lá, e o Salomão já tinha chegado do Jornal. Colocou-o dentro da banheira e deu banho nele. Mas olha, deu tanto banho no Bituca, mas tanto banho… Quando uma pessoa está daquele jeito, tem que tomar banho para ver se melhora.
www.museudoclubedaesquina.org.br
"Saiu da pensão e ficou lá em casa. Igual um doido, ele bebia demais da conta. Um dia eu cheguei do grupo com os cadernos todos na mão, cansada feito não sei o quê, desci do ônibus, ainda tinha que andar um pedação e quando cheguei na portaria vi que ele estava segurando o edifício, com as duas mãos. Ele já estava morando comigo.
Eu falei: “Bituca, o que você está fazendo aí?”. E ele sussurrando: “Dona Maricota, fala baixo, o edifício vai cair”. Eu falei sussurrando também: “O edifício vai cair e você está deixando seus irmãos todos lá dentro?”. “Mas eu não posso subir porque ele vai cair.” “Olha para cima para você ver.”
E a gente olhou pra cima e parecia que o edifício ia cair mesmo. Eu vi que ele estava ruim, não adiantava discutir com ele. Eu falei: “Ih, vai cair mesmo, Bituca. Deixa eu te ajudar”. Pus os cadernos todos no chão: “Bituca, eu estou achando que ele agora firmou”. Ele olhava assim: “Eu não, eu não”. Eu falei: “Olha, Bituca, acho que agora ele firmou. Não vai cair mais não, não está balançando mais não. Pega meus cadernos e vamos subir depressa de elevador para nossa casa”.
Aí subimos. Chegou lá, e o Salomão já tinha chegado do Jornal. Colocou-o dentro da banheira e deu banho nele. Mas olha, deu tanto banho no Bituca, mas tanto banho… Quando uma pessoa está daquele jeito, tem que tomar banho para ver se melhora.
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