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quarta-feira, 3 de julho de 2013

DE TV

Deus é um cara gozador, adora brincadeira. Não me deu pernas compridas e também não preciso fugir da polícia. Me deu muita preguiça. E alguma implicância. Me deu também o gosto de assistir televisão. Ou melhor, de mexer no controle remoto, que é infinitamente melhor do que ver televisão. E, com tudo isso, consigo ouvir comentários do tipo: “Eu super entendi”. Isso foi no Saia Justa. 

Estava falando um desses intelectuais pop. Desses que escrevem livros que os muilealevalerosenses DE-VO-RAM nas eternas madrugadas de vigília pela cultura. Quando acabou a explanação, que ninguém entendeu, mas todos ficaram fazendo cara de Marília Gabriela, a apresentadora me larga essa: “Eu super entendi!”. E, claro, aproveita pra fazer uma piada, pois ali não haveria mais condições para um comentário "cabeça".


No entendimento deste modesto blogueiro, “entender” faz parte daquelas coisas que a gente deve marcar “sim” ou “não”. “Entendeu?” “Mais ou menos”. Obviamente, é um eufemismo de “porra nenhuma”. E “super entendeu”? Entendeu e foi além? Não parecia ser o caso. Eu vou me indignar e chega.

Outra boa que peguei, num desses instantes em que a imagem se fixou na tela, na dúvida se se vai adiante ou se fica pra ver até que ponto aquilo vai chegar, foi a seguinte apresentação: “Ele é um shopping de cultura!”. Essa só podia ser na MuiLeal. E o sujeito apresentado, certamente, deve ter feito a anotação mental: “Essa vai pra lápide, SE um dia eu morrer, vai pra lápide: aqui jaz um shopping de cultura!“.

(Não é querer esvaziar o elogio, mas na MuiLeal todo mundo é shopping cultural. Quem faz música, quem faz teatro, quem faz cinema, quem escreve, quem tem mais ideias, e quem tem programa na rádio...)

Espero que alguém me desafie, mas não bote a mãe no meio. Como já disse, não se deve dar pernadas curtas a três por quatro. E não me despenteio.

Aquele abraço pra quem fica.

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