Há tempos essa coluna quer homenagear Angenor de Oliveira, Cartola. Nada mais justo do que fazê-lo
no dia 11 de outubro, dia de seu nascimento, no Rio de Janeiro em1908.
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Até os 55 anos de idade, Cartola acreditava se chamar
Agenor. Foi em 1964, quando decidiu se casar com Dona Zica para oficializar a
relação de 12 anos, que descobriu em sua certidão de nascimento que seu nome de
registro era Angenor.
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Dizia preferir as mulheres mais velhas "pra evitar
filho e porque tem mais juízo". Boêmio, chegava a beber dois litros de
cachaça por dia.
Quando sua carreira como compositor e violonista começava a
deslanchar, por volta de 1934, Cartola percebeu que precisava aprimorar a letra
de suas músicas. Passou a ler poemas e romances. Teve influência de Castro
Alves e Gonçalves Dias. Leu Olavo Bilac e um pouco de Camões.
Em uma passagem do filme Cartola – Música para os Olhos,
o compositor reencontra seu pai e vai tocar alguma música para ele ao violão.
Pergunta ao pai qual música ele quer ouvir e este responde “Um samba”. Cartola
responde “Sim, um samba...” O que mais poderia ser, afinal? (O filme completo
está no final desta postagem.)
Somente em 1974 Cartola lança seu primeiro disco. Em 1976, grava o segundo, com os clássicos “O mundo é um moinho”, “As rosas não falam”, “Cordas
de Aço” e “Peito Vazio”. Esta composta especialmente para Nelson Gonçalves.
Peito Vazio
Cartola
Nada consigo fazer
Quando a saudade
aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em
meu peito
E de fato eu sinto
Em meu peito um vazio
Me faltando as tuas
carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio.
Procuro afogar no
álcool
A tua lembrança
Mas noto que é
ridícula
A minha vingança
Vou seguir os
conselhos
De amigos
E garanto que não
beberei
Nunca mais
E com o tempo
Essa imensa saudade
que sinto
Se esvai
Abaixo o documentário Música para os Olhos, de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda.
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