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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

PAUSAS

Muitas pessoas usam como recurso de retórica uma pausa. Muitas pessoas usam bem. Outras nem tanto.

Tem o didático vaidoso, que usa a pausa como que para demonstrar como ele entende bem de pontuação.

O técnico de futebol Tite usa a pausa para que os idiotas como nós tenhamos a chance de entender a genialidade do pensamento dele. Diz uma frase e fica olhando para o interlocutor com um meio sorriso que parece dizer: “Estou te dando tempo pra pensar, seu retardado, beba de minhas sábias palavras e baixe a cabeça de vergonha por não ser como eu.”


A pausa dramática é aquela que quem a usa espera que a gente se jogue para trás, apavorado pela revelação, que normalmente é uma bobagem.

O apresentador Jô Soares raramente faz uso desse recurso, mas quando diz uma piada que acha tão, mas tão inteligente que acha que ninguém vai notar faz: “Ahããã...” que quer dizer: “Riam, eu disse uma coisa fantástica, um dia vocês vão entender”.

Tem a pausa provocadora. O sujeito resolve implicar, por exemplo, com o Milton Nascimento, que todo mundo sabe (até quem não é “do meio”, como gosta de dizer o supra citado Jô para nos lembrar que ele pertence a uma casta acima da população normal) que o apelido é “Bituca”. Para perpetrar sua implicância, refere-se a ele como “Biluca”. E faz uma pausa. Quem está ouvindo entendeu a provocação e só quer que o assunto vá adiante, de preferência termine, mas o provocador não se satisfaz, fica naquela pausa até se certificar que foi compreendido em seu espetacular trocadilho.

Até quando, enfim, ó Catilinas, abusarão da nossa paciência?

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