Muitas pessoas usam como recurso de retórica uma pausa.
Muitas pessoas usam bem. Outras nem tanto.
Tem o didático vaidoso, que usa a pausa como que para demonstrar
como ele entende bem de pontuação.
O técnico de futebol Tite usa a pausa para que os idiotas como
nós tenhamos a chance de entender a genialidade do pensamento dele. Diz uma
frase e fica olhando para o interlocutor com um meio sorriso que parece dizer: “Estou
te dando tempo pra pensar, seu retardado, beba de minhas sábias palavras e
baixe a cabeça de vergonha por não ser como eu.”
A pausa dramática é aquela que quem a usa espera que a gente
se jogue para trás, apavorado pela revelação, que normalmente é uma bobagem.
O apresentador Jô Soares raramente faz uso desse recurso,
mas quando diz uma piada que acha tão, mas tão inteligente que acha que ninguém
vai notar faz: “Ahããã...” que quer dizer: “Riam, eu disse uma coisa fantástica, um
dia vocês vão entender”.
Tem a pausa provocadora. O sujeito resolve implicar, por exemplo,
com o Milton Nascimento, que todo mundo sabe (até quem não é “do meio”, como
gosta de dizer o supra citado Jô para nos lembrar que ele pertence a uma casta
acima da população normal) que o apelido é “Bituca”. Para perpetrar sua
implicância, refere-se a ele como “Biluca”. E faz uma pausa. Quem está ouvindo
entendeu a provocação e só quer que o assunto vá adiante, de preferência
termine, mas o provocador não se satisfaz, fica naquela pausa até se certificar
que foi compreendido em seu espetacular trocadilho.
Até quando, enfim, ó Catilinas, abusarão da nossa paciência?
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