Bueno, começo pela vacina tradicional – e sincera, neste
caso – porque a patrulha politicamente correta me viciou. Não torço pelo azar de
ninguém. Tá bem, de quase ninguém, como disse já o Luis Maurício.
Eu não sou um sujeito previdente. Pago alguma coisa de
previdência pública orientado pela minha “ermã” contadora. Não pago previdência
privada, conforme me aconselha o alarmado amigo Marcelo Alabama. Não sei,
portanto, como será minha velhice. Espero que Marcelo guarde algum para suprir
os vinhos da minha velhice. De minha parte, coloco rocks antigos de sua
predileção no Pauta Extra para garantir esse vinho futuro.
Leio na Zero Hora de hoje (08/07/2013) que o poeta Luiz de
Miranda pede socorro à sociedade por causa de sua vida precária. A mesma
reportagem lembra outros ilustres amparados pelo estado: Lourdes Rodrigues,
Plauto Cruz e o velho lambe-lambe Varceli Freitas Filho.
Luiz de Miranda lançou 34 livros. Não entendo nada de
direitos autorais, e só vejo gente queixosa falando a esse respeito. Mas imagino
que 34 livros deveriam dar alguma graninha. Donde se conclui – novamente – que poetas
não leem poetas. A quantidade de poetas somente na MuiLeal certamente teria
catapultado as vendas de Miranda às alturas.
A escritora Cinthia Moscovich, de quem já fui aluno, aparece
com o tradicional discurso muilealevalerosense: “Deveriam se juntar para ajudá-lo.”
Segundo ela “não é justo que alguém que se dedicou tanto à poesia e à literatura
esteja nesse estado”. Como se a vida fosse justa. De qualquer forma, não é decente
que ninguém, poetas ou contadores, terminem a vida contando os caraminguás para
fazer uma refeição por dia.
Mas o que realmente me chamou a atenção na reportagem foi a
postura corajosa do também poeta Fabrício Carpinejar, com quem raramente
concordo. Diz ele: “O Miranda sempre viveu nesse sobressalto financeiro,
dependendo dos outros. Acho que ele está se aproveitando da questão do poeta
sem condições, essa sombra do Quintana. O poeta não é semideus. O Estado não
tem obrigação de sustentá-lo”.
Fazia tempo, mas tempo mesmo, que não via uma declaração
despida assim de autocensura. Pode ser que eu esteja sempre lendo e ouvindo as
mesmas coisas. Os mesmo poetas, a mesma praça, o mesmo jardim.
Luiggi
Luiggi
caro Luiggi, esse teu texto me faz pensar que como temos conteúdo politicamente correto e emotivo, sobretudo tratando-se de um idoso e ainda mais poeta;
ResponderExcluirmas os teus vinhos da velhice estarão garantidos, pode continuar gastando a vontade com tintos numerados da Borgonha.
grande abraço, alabama