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quarta-feira, 10 de julho de 2013

NO JORNAL DO BRASIL

O ‘caso’ Eike Batista

    Pedro Simon

O empresário Eike Batista e suas empresas, que aparentavam rivalizar com potentados árabes do petróleo em exuberância, continuam descendo a ladeira. Suas ações estão em queda livre na Bolsa e, dizem os especialistas, podem valer R$ 0,10 cada, preço bem distante dos cerca de R$ 50,00 de poucos anos atrás. O risco de um calote fenomenal na praça é alto.

Estimulado e incensado pelo governo, apontado como modelo de empreender nacional, Eike obteve empréstimos camaradas junto a bancos públicos. O BNDES, sempre pródigo com grandes grupos econômicos que bem poderiam, privadamente, buscar financiamentos em bancos internacionais, entrou com R$ 10,4 bilhões a juros subsidiados. A diferença entre as taxas oferecidas ao empresário e os juros reais de mercado é bancada pelo Tesouro, isto é, com o meu, o seu, o nosso dinheiro.

A economia brasileira passa por apuros. Para superar essa fase crítica não falta quem defenda taxas de juros mais elevadas e cortes drásticos nos gastos do governo, atingindo programas sociais e investimentos. Nesse ambiente, que conta ainda com as ruas vigilantes e eletrizadas pelos protestos, é impensável que o governo tente novamente socorrer Eike Batista.

O capitalismo brasileiro sempre manteve uma relação muito íntima com o Estado, ao longo de nossa história. Nossos grandes empreendedores surpreendem seus colegas no mundo por sua aversão aos riscos próprios dos negócios. Já os micros e pequenos empresários brasileiros ficam entregues à própria sorte, enfrentando restrições ao crédito e submetidos a uma burocracia infernal.

O “caso Eike” é hoje um exemplo de uma política equivocada de incentivos a grupos privados gigantescos, com retorno duvidoso para a sociedade sob qualquer aspecto.

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