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sexta-feira, 12 de julho de 2013

O CADERNO

Ele não vai seguir você. Mas você vai levá-lo de qualquer maneira. Debaixo do braço, normalmente. Afinal todo mundo aparece na reunião com seu caderno. Ah... esse fantástico mundo corporativo. “Mais uma reunião”, diz o pequeno cidadão colocando seu pobre caderno no sovaco e fingindo detestar reuniões.

O caderno é como o “squezze”. Você sabe como funciona “squeeze”, não é? É uma garrafinha que você enche de água da pena para se hidratar aos chupões, como uma mamadeira, enquanto anda pelo escritório. Mas claro, de nada adiantará se o “squeeze” for branco, pálido. Precisa ter o logotipo de outra corporação. Se não, não acaba com a sede. O que dirá hidratar alguém.

Assim como o caderno. Um caderno da Tilibra é uma coisa vulgar, de se esquecer num canto qualquer depois de anotar fórmulas de báskara ou belos poemas adolescentes.

Um caderno com emblema de outra corporação é melhor que seu colega. É motivo de orgulho. E seus problemas ajuda a resolver. Ou pelo menos disfarçar que está anotando loucamente uma ideia durante a reunião que vai mudar o rumo da empresa. Nesse momento, vale escrever até letra de pagode pra não pegar no sono. Afinal, o que está escrito nele ficará guardado. Se lhe dá prazer. O importante é fazer cara de “o problema não é tão simples”. Sorrir desdenhosamente nem sempre pega bem, só quando visto pelas pessoas certas.

O melhor momento da reunião é quando se marca a próxima reunião. Você anota a data com cara de profundidade no seu caderno.

A porta então se abrirá para um feroz carrossel: a realidade de novo. Voltar pra mesa de trabalho. E você vai rasgar o papel.
E eu peço a você uma favor, se puder. Me esqueça em um canto qualquer.
Luiggi


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