Ele não vai seguir você. Mas você vai levá-lo de qualquer
maneira. Debaixo do braço, normalmente. Afinal todo mundo aparece na reunião
com seu caderno. Ah... esse fantástico mundo corporativo. “Mais uma reunião”,
diz o pequeno cidadão colocando seu pobre caderno no sovaco e fingindo detestar
reuniões.
O caderno é como o “squezze”. Você sabe como funciona
“squeeze”, não é? É uma garrafinha que você enche de água da pena para se
hidratar aos chupões, como uma mamadeira, enquanto anda pelo escritório. Mas
claro, de nada adiantará se o “squeeze” for branco, pálido. Precisa ter o
logotipo de outra corporação. Se não, não acaba com a sede. O que dirá hidratar
alguém.
Assim como o caderno. Um caderno da Tilibra é uma coisa
vulgar, de se esquecer num canto qualquer depois de anotar fórmulas de báskara
ou belos poemas adolescentes.
Um caderno com emblema de outra corporação é melhor que seu
colega. É motivo de orgulho. E seus problemas ajuda a resolver. Ou pelo menos
disfarçar que está anotando loucamente uma ideia durante a reunião que vai
mudar o rumo da empresa. Nesse momento, vale escrever até letra de pagode pra
não pegar no sono. Afinal, o que está escrito nele ficará guardado. Se lhe dá
prazer. O importante é fazer cara de “o problema não é tão simples”. Sorrir
desdenhosamente nem sempre pega bem, só quando visto pelas pessoas certas.
O melhor momento da reunião é quando se marca a próxima
reunião. Você anota a data com cara de profundidade no seu caderno.
A porta então se abrirá para um feroz carrossel: a realidade
de novo. Voltar pra mesa de trabalho. E você vai rasgar o papel.
E eu peço a você uma favor, se puder. Me esqueça em um canto qualquer.
Luiggi
Nenhum comentário:
Postar um comentário