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domingo, 3 de março de 2013

Escrotice

Cada um tem sua grana e faz dela o que quiser. Uns ganham mais, outros menos, uns herdaram muito, outros nada. Uns fabricam, outros produzem.  Uns são mais espertos, outros menos. É do jogo, e eu aceito a regra. Mas se tem uma coisa que considero como baixa é quando o sujeito, normalmente pouco mais do que um remediado, diz assim: “tenho uma graninha aí, vou dar entrada num apartamento, aí alugo ele e com o dinheiro do aluguel vou pagando as prestações”. Normalmente, isso é falado em tom de confidência e a centímetros de sua cara.


Porra!
Se isso não é a mais baixa exploração, eu não entendo mais nada. Como disse acima, aceito a regra. Mas tudo tem limite. Se é possível fazer dinheiro com algum dinheiro, e é, não o faça explorando o que você foi até bem pouco tempo. Invista na Petrobrás, em ouro, em títulos da dívida pública, abra uma empresa e pague pouco seus funcionários (quem paga bem?), compre e venda carros, compre e venda casas, abra um sebo, um café no xópim, invista na bolsa, títulos, capital de giro, public relations (e tome gravata!), protocolos, comendas, caviar, o que for.


Alguém capaz de tal acinte não consegue compreender que ninguém paga aluguel por gosto. Apenas precisa morar em algum lugar e não teve oportunidade de “juntar uma graninha” e comprar sua casa em milhões de prestações.
O pensamento sem espírito e o corpo sem alma.


Isso me lembra historicamente a figura do capitão do mato. Alguém que usa de um pequeno poder, geralmente advindo e mantido com submissão, para subjugar infelizes pares.
Proudhon me desculpe, já não sei se acho que toda propriedade é um roubo (não duvido da exploração). Mas que ter orgulho de pagar propriedade com aluguel de um miserável é safadeza, não tenho a menor dúvida.


(Você, caro leitor, que vive de aluguel, quantas vezes não ouviu de algum parente “Ao invés de pagar aluguel, paga a prestação de uma coisa tua”. Normalmente, uma tia gorda e que sua nos bigodes e nunca teve marido. Ou aquele parente que finge ser bem sucedido, mas não ganha o suficiente pra veranear no Quintão).
Tudo isso pra deixar no testamento, mais nada. Mais nada.

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