Luiggi
Felicidade nunca rendeu boa literatura. Imaginem o jovem Werther de camisa floreada e dedinhos espetados no ar cantando “ala-la-ô”. Bukowski comendo cereais e tomando suco de graviola. Montéquios e Capuletos churrasqueando e ouvindo Molejão. Mersault esbanjando simpatia. Ismael fazendo amizade com Free Willy.
Mas hoje em dia não se pode mais ser triste. Somos todos obrigados a viajar muito, ler muito, ter muitos orgasmos. Enfim, não ter uma “vidinha”, como ensinam os colunistas da Muileal. Estamos evoluindo do “politicamente correto” para a “existência correta”. É claro que os valores mudam em cada gueto. Uns valorizam dançar muito, outros valorizam ler muito (“Prefiro ficar lendo a ir a festas.” Você já ouviu essa frase dita com orgulho, tenho certeza). Assim, como não queremos passar recibo de fracassados, ninguém está interessado no choro de ninguém. Os usuários de feicebuques que o digam. O resultado é esse: todo mundo feliz e a literatura piorando. Os poucos autores novos que li estão como os músicos novos que ouço. Mais do mesmo. Ou então, alta técnica com pouco sentimento. Ainda bem que tenho mais uma porção de livros pra ler de novo.
Eu também. Cem anos de solidão, O tempo e o vento, Grande sertão, Os sertões, Memórias póstumas...
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