O Marcelo Nova, o Jorge Bem, o Renato Gaúcho... Internacionalmente falando, o ZZ Top e os Blues Brothers (do finado e saudoso John Belushi e do nada saudoso Dan Aykroyd). Esses aí a gente mata no peito. Fora isso, não é fácil aturar uns tipos quaisquer com seus grandes óculos escuros em qualquer ambiente. No restaurante, na missa, no mercado. Tem vários tipos que gostam dessa prática.
Tem o intelectual atormentado, que passa a noite lendo muito, escrevendo suas teses, suas peças de teatro, seus roteiros, eventualmente alguma poesia concreta, a lista do super, - são muitas ideias - um longo mail para a creche de suas filhas, destacando as vantagens da pedagogia construtivista no berçário, que comportamentalismo é reacionário e Paulo Freire não sabe o que significa libertar um aluno. E-mail este que vai ser lido às gargalhas pelas professoras no dia que for enviado.
Outros tipos sem sangue nas veias, clássicos usadores de oclões escuros, são os folgados de camisas floreadas e sempre, maiúsculas, SEMPRE de bermuda. Mesmo em um restaurante, ele chega com suas bermudas e seus óculos escuros: “Me avisaram agora.” Normalmente, usa barba rala e só tira os óculos ao ser apresentado a uma prima desconhecida, quando dirá, com ar de inteligente e com voz de veludo, “Oiean”. Sua esposa – a Mirtes – sempre fica danada nessa hora.
Alguns trabalhadores que gostam de se intitular “executivos workaholics” também estão sempre de óculos escuros. Workaholic, como se sabe, é o sujeito que não gosta de voltar pra casa. Provavelmente casado com a prima remediada da Mirtes, a Jônia (os pais adoram contar uma história sugerindo que ela foi concebida em uma vigem “pela Turquia e arredores”). E quando chega em casa, SEMPRE, maiúsculas de novo, precisa trabalhar. Mesmo que seja pra responder os mails avacalhando o time de futebol dos colegas. Alguns adoram chegar atrasados em reuniões e atirar os óculos dramaticamente sobre a mesa sugerindo que tiveram uma noite emocionante, mas que está ali porque tem uma grande responsabilidade profissional.
Enfim, é preciso ter nervos de aço pra aturar esse povo.
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